É vulgar, à beira das estradas nacionais, no Algarve, no centro e até no norte do país, e mesmo em estabelecimentos comerciais, aparecerem melões à venda, designados como sendo de Almeirim. Porque a fama é grande… e vende, mesmo que os “ditos” sejam de qualidade inferior, de várias cores – verdes, brancos, ou amarelos –, ou produzidos em qualquer outro sítio, até mesmo na nossa vizinha Espanha. Esta usurpação de nome tem causado evidentes prejuízos para a imagem do original melão de Almeirim e o descrédito do mesmo perante os consumidores.
Durante sete anos, a Câmara desenvolveu diversas ações e parcerias com os produtores locais e a Associação de Comerciantes, no sentido de repor a legalidade e proteger um valor que é nosso – e é único – transformando-o numa mais-valia para o concelho, oferecendo aos consumidores um produto de excelência e grande qualidade. Esse trabalho viu-se agora recompensado, pois o Governo recentemente determinou, em Diário da República, que seja conferida proteção à denominação “Melão de Almeirim/Melão d’Almeirim” como Indicação Geográfica, a nível nacional, com efeitos a partir de 1 de junho deste ano, data do pedido de registo à Comissão Europeia, para posterior certificação comunitária de Indicação Geográfica Protegida (IGP).
É uma decisão com enorme importância para o concelho, para a sua economia e para a nossa agricultura. A partir daqui, o Melão d’Almeirim terá, forçosamente, de ser produzido na nossa área geográfica e segundo os saberes tradicionais dos nossos agricultores.
Certificar dá muito trabalho mas os benefícios são enormes. Para que a qualidade intrínseca dos produtos seja preservada e ninguém compre… gato por lebre.
Gustavo Costa
PS Almeirim
Artigo de opinião publicado na edição impressa de 1 de julho de 2021