Emprego

O Governo anunciou uma subida no emprego de 4,5%, classificando estes resultados recorde como “impressionantes”, “sinal de vitalidade da economia” e da “contratação” por empresas. Ora, este recorde deve-se à subida, sem precedentes, nas contratações de funcionários públicos, que dispararam quase 17% no segundo trimestre. Sem este, o emprego teria “colapsado” passando para uma queda de quase 3%, como avança o Dinheiro Vivo.

É importante ainda notar que os dados referem-se ao emprego público “puro” que inclui, por exemplo, a Administração Pública, a Defesa e a Segurança Social. A Educação e a Saúde ficam de fora, o que significa que o efeito das contratações públicas no emprego será, na prática, ainda mais elevado do que os números anunciados.

“Nas empresas municipais, o emprego aumento mais de 60% (…)”

Curiosamente, sendo um ano de eleições autárquicas, o aumento de emprego na Administração Local (seja autarquias e empresas municipais ou intermunicipais) é ainda maior, com 4400 postos de trabalho no último ano. Nas empresas municipais, o emprego aumentou mais de 60%, o ritmo mais elevado desde que há registos, sendo que, neste universo, os contratos sem termo (entrada direta para os quadros) equivalem a 88% do novo emprego criado. Se isto não é “jobs for the boys”, não sei o que poderá ser.

Por cá assistimos à mesma estratégia de “criação” de emprego, onde as prioridades passam por tentar deslocar serviços e forças de segurança para Almeirim, sem que haja uma correlação direta no aumento de emprego para os almeirinenses, e onde a fixação de empresas de iniciativa privada de grande criação de emprego aparentemente não passam de manchetes de jornais.

João Rosa
CDS Almeirim

Artigo de opinião publicado na edição impressa de 1 de setembro de 2021