Todos precisamos de comer, pelo menos 1 vez por dia, digo eu, mas esta necessidade básica, que não é possível abdicar para o comum dos mortais, faz com a necessidade de ter alimentos seja fundamental. Não há dúvida quanto a isto! Então se não há dúvida, porque é que a sociedade continua a menosprezar o agricultor, o trabalhador do campo, e muitas das profissões ou trabalhos que a agricultura precisa, desenvolve e cria?
Saiu no Dia da Produção Nacional (26 de Abril), um estudo do PorData, que a agricultura perdeu rendimento e trabalhadores, empresas e empresários, e população das regiões produtivas. Ora, parece-me que não será só pelo envelhecimento do sector, ou a não continuidade pelas novas gerações, ou mesmo surgimento de novos, mas terá muito ver com o tipo de políticas, a vários níveis, seguidas, criadas e aplicadas nos últimos 30 anos. Desde subsídios para não produzir a esmagamento dos preços de compra ao produtor, de declarações e acções de políticos a politicas em que se retira acessibilidades e mobilidades às populações mais distantes dos centros urbanos. Este “cocktail” trouxe-nos até este ponto, onde estamos ainda mais dependentes de produções de outros países, que não só estando dependentes dos transportes e seus custos (já para não falar no tão badalado, “custo ambiental”), bem como de conflitos que possam surgir nessas regiões.
Enquanto as políticas gerais do país, se não forem pensadas a médio e longo prazo, e se deixarem de ser tomadas para próximas eleições, estaremos sempre a pagar imposto altíssimos para sustentar aqueles que rodeiam os decisores e os próprios. Esquecem-se que têm de comer todos os dias.
Artigo de João Vinagre, CDS Almeirim