Já antes havia casos que, na altura julgávamos extraordinários, de encerramento de urgências mas, nos últimos tempos, estas notícias de enceramentos, constrangimentos, atrasos e transferências de pacientes para hospitais a dezenas de quilómetros de distância, têm sido cada vez mais frequentes.
Os cuidados de saúde em urgências deveriam ser acessíveis a todos que destes necessitem havendo lugar ao pagamento de uma taxa de acesso suficientemente pequena para que ninguém fique sem estes cuidados mas suficientemente grande para inibir os utentes da tentação de ir para as urgências por pequenas coisas que podem ser tratadas fora dos horários das mesmas ou até em casa.
No entanto, o que verificamos é a continuada falência no serviço público dos cuidados mais básicos de saúde e sem qualquer solução credível para inverter a mesma.
Outro fenómeno visível que esta falência dos serviços originou foi o crescimento acelerado de cuidados de saúde particulares a um nível ao qual não estávamos habituados e que achávamos impensável há poucos anos. Tal torna-se bem visível se pensarmos que estes operadores privados, que há uma década, eram um exemplo nos tempos de espera e onde havia sempre camas para urgências, hoje em dia, chegam a ter tempos de espera nas urgências de várias horas e, inclusive, chegam a recusar o internamento de pacientes por não terem camas disponíveis.
A falência do serviço público empurrou muitas pessoas para o serviço privado. Estas pessoas não são apenas da classe alta mas, acima de tudo, pessoas de classe média (e até de classe baixa) que preferem ter acesso a cuidados de saúde e estão dispostas a sacrificar parte significativa dos seus rendimentos. Basta já.
João Lopes – PSD Almeirim