Não vou ficar bem com a minha consciência se não disser aquilo que entendo em relação ao que assisti numa destas sextas-feiras no Cine Teatro. E desculpem-me todos aqueles que me considerem errada! Mas, ainda vivemos num país de livre expressão, livre pensamento e livre opinião! Talvez não seja a única, mas acredito que existam vários membros da comunidade escolar entre encarregados de educação e professores que não são a favor da atribuição de prémios de mérito a alunos.
Por norma, a Escola Pública é um espaço congregador, inclusivo e com valores baseados na igualdade de acessos, oportunidades e futuro. Igualdade, quando sabemos que na sociedade de hoje, é utopia crescente que caminha a passos largos para a diferença cada vez maior entre os que podem mais e os que podem menos! A Escola deve servir como rampa de lançamento para o futuro, dotar os alunos, sejam eles quais forem, das ferramentas base necessárias quer à prossecução dos estudos após términus da escolaridade obrigatória quer ao abraçar de uma profissão se assim o entenderem.
A existência de quadros de mérito, de excelência, este tipo de distinções são o contrário daquilo que deve ser a escola. Não está a promover a igualdade! Mas, porque existem estes prémios? Distinguir os melhores com que objetivo? Mostrar à comunidade educativa que existem alunos melhores do que outros? Motivar os piores a melhorar? Mostrar resultados? Encurtar diferenças ou aumentar divergências? São perguntas… sei que são difíceis de responder! E porque não há distinções para os que são melhores companheiros de turma, para os mais assíduos, para os mais respeitosos, para os que mostram mais valores éticos e sociais? O que queremos da Escola? O que queremos que a Escola faça? Queremos alunos com média 18 ou jovens preparados para abraçar a vida académica, a carreira militar ou uma profissão?
E depois, como é possível, numa escola que se diz inclusiva, que tem alunos de várias nacionalidades, de todas as cores, raças e credos, uma escola que oferece aos alunos a possibilidade de escolher uma via vocacional ao invés da regular e essa via ser tratada de forma discriminatória? Se existe quadro de mérito, de excelência, menções honrosas para quem estuda ciências, economia ou humanidades porque não existe também para quem escolhe comércio, apoio à infância, desporto ou proteção civil? Existem regras que proíbem a Escola de o fazer? Os cursos profissionais não têm o mesmo valor? As notas de finais de curso não têm o mesmo valor?
Sinceramente não entendo estas formas de atuação nos dias de hoje! E falo de peito feito, tenho duas filhas, uma de um curso regular e outra de um curso profissional. Ao longo de 3 anos ouvi discussões sobre os regulares serem melhores do que os profissionais, mais difíceis que os profissionais, os professores serem os melhores para os regulares, as turmas serem feitas com mais cuidado para os melhores alunos terem as melhores notas… ouvi isto tudo e muito mais! E no final da maratona, a do curso regular teve média 17 e direito a quadro de excelência e a do curso profissional teve média 18 e direito a nada porque não existe quadro de excelência para os cursos profissionais!… deixo só uma pergunta para a comunidade escolar: que futuro é este que estamos a construir?
Susana Costa