Francisco Oliveira: ‘Combater os consumos ilícitos é uma missão de todos nós’

A AR – Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A. (AR) é uma entidade gestora com uma história pioneira em Portugal. Entrou em funcionamento há 15 anos e hoje o seu modelo está replicado com sucesso em várias regiões do país.

Foi um parto difícil, com muitas dores e uma vincada resiliência dos autarcas envolvidos neste compromisso: José Sousa Gomes (Almeirim), Joaquim Rosa do Céu (Alpiarça), António José Ganhão (Benavente), Sérgio Carrinho (Chamusca), Dionísio Mendes (Coruche) e Ana Cristina Ribeiro (Salvaterra de Magos).

Em 1997, ano de eleições, autarcas e candidatos de três forças partidárias, colocaram de lado as diferenças e entenderam que o caminho seria a união e criação de pontes entre os concelhos.

Unidos ganharam dimensão e escala para poder concretizar, com o apoio de fundos comunitários, os investimentos que se afiguravam urgentes nos sistemas de abastecimento e tratamento de águas residuais.

Em 2024 estão concretizados 160 Milhões de Euros de investimentos. A maioria das novas infraestruturas e equipamentos não estão ao alcance dos olhos, mas sabemos que existem e a sua existência e funcionamento permitem disponibilizar água para consumo humano de qualidade e tratar a água usada por 140.000 consumidores e 77 mil clientes.

O tratamento das águas residuais melhorou de forma significativa com reflexos nas linhas de água onde descarregamos efluente tratado e controlado por entidades competentes, com base em análises de laboratórios externos certificados. Rios e ribeiras negros deram lugar a espelhos de água onde é possível pescar com abundância de peixe, praticar desportos náuticos ou nadar.

Um exemplo a praia fluvial de Coruche onde o Sorraia tem vida e uma das melhores pistas de pesca mundial.

O tempo veio confirmar que a AR foi a melhor opção para os munícipes dos sete concelhos que integram atualmente a empresa intermunicipal, após a entrada de Torres Novas em outubro de 2011.

A AR é detida em exclusivo por capitais públicos e está vedada a entrada de privados. A empresa é gerida em exclusivo pelos municípios integrantes com visão, coesão, responsabilidade social e solidariedade.

Hoje, podemos afirmar com certeza que a opção tomada há 15 anos, foi acertada com retorno positivo para os nossos cidadãos e para os Municípios que, isoladamente, teriam enormes dificuldades para enfrentar os desafios e as exigências que estes serviços essenciais envolvem.

A AR herdou redes, infraestruturas e equipamentos de primeira geração, muitos deles apresentando já problemas no seu funcionamento. Cuidamos de 2.250 Km de redes de água e 1.300 km de redes de saneamento. Fizemos já um investimento de 160 milhões de euros no saneamento e abastecimento com a construção e reabilitação de mais de uma centena de reservatórios, 15 Estações de Tratamento de Água; 50 ETAR, dezenas de EE e centenas de quilómetros de condutas.

Desenganem-se os que pensam que tudo está feito. Temos um longo caminho a percorrer. É urgente continuar a reduzir as perdas de água: em 2009, quando iniciamos a atividade, a água não faturada representava 52%, situando-se agora nos 29%.

Para melhorar o desempenho nesta vertente, foram determinantes várias ações: investimento significativo nas novas condutas, nós e ramais; instalação da Telegestão e de mais de uma centena de ZMC que permitem controlar os consumos e detetar anomalias; substituição de milhares de contadores e instalação em locais onde não existiam; intensificação do combate à fraude e consumos ilícitos; reforço das equipas de manutenção e de reparação de roturas de modo a reduzir o tempo de resposta da reposição do abastecimento após o incidente; sensibilização dos clientes e dos consumidores para denunciarem todas as situações que configuram perda de água.

O combate aos consumos ilícitos tem merecido uma atenção especial. É uma questão de equidade e justiça.
Não pode a esmagadora maioria dos clientes, que cumpre as suas obrigações, ser penalizada pelo facto de existirem alguns que pretendem consumir água sem a pagar. Estas situações têm vindo a ser detetadas, dando origem a processos de contraordenação, que visam sancionar esta prática ilegal.

A redução do desperdício tem de ser um compromisso de todos. A AR continua a investir na educação/sensibilização para a importância do recurso água, cujo valor é muito superior ao seu custo real.

A água é essencial à vida, pelo que temos todos de cuidar bem deste recurso tão importante, particularmente num contexto de escassez e de alterações climáticas.

Francisco Oliveira – Presidente do Conselho de Administração da AR – Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A