Clara de Freitas apresentou, no dia 13 de julho, no auditório da Biblioteca Municipal Marquesa de Cadaval, a sua primeira obra editada, ‘O Falso Rei’. Ao Jornal O ALMEIRINENSE fala da obra, do interesse pela escrita e desvenda que já está a preparar duas obras.
Como surgiu este livro?
Inicialmente, surgiu apenas o título, “O Falso Rei”, mas rapidamente construí a história que vi como um filme projetado na tela da minha mente. Comecei a escrever em outubro de 2021, durante uma aula de matemática.
Sem revelar tudo, de que fala e o que conta?
A história acompanha um autor cuja fonte de inspiração secou. Ao ser pressionado pela sua editora para apresentar um rascunho, Rodrigo Soares inspira-se na divisão do “eu” de Fernando Pessoa e cria heterónimos numa tentativa de criar poesia em torno de vários problemas filosóficos. Kiara Fernandes e Caniço, amigos do autor, tentam acompanhar e guiar Soares durante o processo de escrita desesperante. No entanto, a divisão da identidade prova não ser uma tarefa fácil.
Já no ciclo chegou a dizer que, um dia, queria escrever um livro. Disse isso por dizer na altura, ou foi algo que desde pequenina idealizou?
Desde pequenina que adoro escrever e guardo todos os cadernos repletos de histórias debaixo da minha cama. Desde o segundo ciclo que digo que gostava de publicar as minhas histórias e sempre o disse com seriedade. Muitos dos professores, ao longo do meu percurso escolar, também me incentivaram para tal. Senti que esta história tinha potencial desde muito cedo e, finalmente, decidi carregar em “enviar”.
Como foi o processo de construção?
Não diria que tenho um processo de escrita fixo. Este livro foi escrito durante aulas, em comboios, deitada na cama e até entre tempos de espera de consultas ou filas de supermercado. Escrevi no computador, em pedaços de papel soltos, cadernos de todas as disciplinas e até no telemóvel. Escrevia segmentos a partir de frases que surgiam de repente. Demorei exatamente um ano a escrever o livro, de outubro a outubro, e seis meses a editar, corrigir e acrescentar.
De onde vem esse gosto pelas letras e pela escrita?
Quando era pequena a minha mãe lia imensos livros comigo já deitada na cama pronta para dormir. Quando aprendi a ler continuei a rotina sozinha. Comecei a escrever no primeiro ciclo e desde então não parei. Gosto muito de histórias e não queria apenas ler as que já estavam escritas. Queria imaginar e colocar tudo em papel para que outras pessoas desfrutassem da minha imaginação. Lembro-me de, em pequena, ler muitas histórias aos meus colegas de escola.
Quem foram as influências?
No que toca à escrita, tive muito apoio, tanto da minha mãe como também de professores e colegas de várias idades. Sempre que lia uma pequena história ou um poema alguém dizia que adorou e que eu devia continuar a escrever para, talvez um dia, publicar um livro. Este apoio permitiu com que eu continuasse a escrever. “O Falso Rei” tem uma grande influência filosófica porque tenho uma enorme paixão pela filosofia e utilizo muitas vezes o pensamento filosófico para enfrentar o dia-a-dia. Esta paixão surgiu da leitura do livro “O Mundo de Sofia” e foi alimentada pela minha professora de filosofia do secundário. Também o meu professor de física e química do ensino secundário despertou em mim um enorme pensamento crítico, que me lançou de novo para a “idade dos porquês”. Em pequena adorava a poesia de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos. Sempre me fascinou a ideia de uma só pessoa ter vários “eus”. Todos estes fatores culminaram no livro que criei.
O que está a estudar?
Estudo na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Estou a tirar a Licenciatura de Línguas, Literaturas e Culturas com Major em Estudos Ingleses, Minor em Estudos Portugueses e Minor em Edição.
O que quer ser quando for grande?
Para o futuro tenho um leque de possibilidades, pelo que não gosto de me limitar no presente. Mas de uma coisa tenho a certeza: quero continuar a escrever e publicar todas as histórias que me compõem.
Já está mais algum na calha?
De momento, estou a escrever mais dois livros, ambos de géneros desafiantes que até agora não havia explorado. Um é um livro infantil e o outro um romance histórico.