No passado dia 18 de outubro, o 1º Congresso Nacional de Rega Magos reuniu no Santarém Hotel mais de 300 participantes e “foi a oportunidade perfeita para aprender com a elite mundial da rega”, afirma João Dotti, CEO da Magos SA.
Pela primeira vez estiveram lado a lado em debate os maiores fabricantes mundiais de equipamentos de rega que apresentaram as mais recentes inovações tecnológicas em regadio. As tendências atuais centram-se em equipamentos mais eficientes no uso da água, mais sustentáveis no consumo de energia e na pegada ecológica, e mais inteligentes pela sua conectividade.
Emissores de rega com mais de 50% de material reciclado ou que integram aditivos para impedir a intrusão pelas raízes das plantas ou repelir as picadas de insetos foram alguns dos exemplos apresentados no Congresso. As empresas fabricantes partilharam ainda que, face à crescente utilização de água proveniente de novas origens, como é o caso da água dessalinizada e reciclada, estão a adaptar os emissores de rega e os sistemas de filtragem e bombagem para trabalhar de forma eficaz com este tipo de águas.
O Congresso contou com cinco mesas-redondas incluindo representantes da produção agrícola e das entidades gestoras da água para a agricultura. Na última década, a fileira hortofrutícola nacional teve um crescimento assinalável e que em muito se deveu à expansão do regadio no território nacional. O presidente da Portugal Fresh, Gonçalo Santos Andrade defendeu que para que esta tendência de crescimento se mantenha “a água tem de ser uma prioridade política estratégica. A área de regadio em Portugal é muito limitada. Temos de ter mais reservas de água, desde micro a pequenas e grandes. É preciso uma rede nacional de água de Norte a Sul e de Este a Oeste”.
A Lusomorango, organização de Produtores de Pequenos Frutos, localizada em Odemira, também partilha desta visão.
“Nós no Sudoeste Alentejano não vivemos, sobrevivemos com a água que temos. Com mais água disponível o Sudoeste poderia produzir 2 a 3 vezes mais, ajudando ainda mais a economia nacional”, avançou Joel Vasconcelos, CEO da Lusomorango.
Ao mesmo tempo, destacou que, graças aos investimentos que têm sido feitos em modernas tecnologias de rega, os produtores da região são cada vez mais eficientes no uso da água. “Hoje a agricultura vive com 30%
da água que usava em 2017”.
A maior empresa produtora de vinhos do Porto, a Symington Family Estates, marcou presença no congresso e salientou a importância do regadio para a coesão territorial. “A água é chave na luta contra a desertificação do interior de Portugal”, defendeu Pedro Leal da Costa, Diretor de Viticultura da Symington.
E concretizou: “Quando há desertificação do interior, há mais áreas ao abandono, sujeitas ao desenvolvimento do mato, propiciando os fogos, pelo que o investimento no regadio é indispensável”. Pedro Leal da Costa deu ainda a conhecer a insuficiente capacidade de armazenamento de água da região já que, apesar de o Douro ser o rio com maior afluência dentro do território português, a capacidade de retenção no Douro é de apenas 7%, ou seja, 93% da água corre para o oceano.
A rega é hoje uma estratégia adotada pela equipa de viticultura da Symington Family Estates em algumas vinhas do Douro, de forma a minimizar o impacto das alterações climáticas.
Super Simplex hídrico
Numa altura em que o Governo está a trabalhar na Estratégia Nacional para a Gestão da Água “Água que Une”, que deverá ser apresentada até ao fim do ano e, quando está a prestes a iniciar-se a Cimeira Ibérica onde vão ser assinados acordos no âmbito da Convenção de Albufeira, o 1º Congresso Nacional de Rega Magos avançou com algumas soluções para responder ao problema da gestão de água na agricultura.
Uma delas é o ‘Super Simplex Hídrico’, um conjunto de soluções apresentadas por Jorge Froes, engenheiro agrónomo e especialista em hidráulica, para a libertação dos recursos hídricos particulares, a nível da propriedade, como primeiro passo para a solução do problema de falta de água na agricultura nacional.
“Cerca de 90% dos pedidos de licenciamento são chumbados ou demoram entre cinco a seis anos para serem aprovados. É necessária uma simplificação drástica dos licenciamentos de infraestruturas e captações privadas”, defendeu Jorge Froes. Ao longo do congresso os agricultores foram alertando para o problema da burocracia que existe em Portugal, dificultando investimentos em captações de água e na construção de pequenos reservatórios e charcas nas explorações.
II Gala de Prémios Magos distingue protagonistas do setor
Na noite do dia 18 de outubro, decorreu a 2 ª Gala de Prémios Magos que reconheceu o mérito de 26 personalidades e empresas que se destacam na área do empreendedorismo e inovação, contribuindo para uma agricultura de regadio rentável sustentável. Nesta edição foram atribuídos 26 prémios em categorias tão diversas como Técnico de Rega do Ano, Parceiro do Ano, Fornecedor do Ano, Cliente do Ano (Obra e Material) e Prémios Regionais, entre outras.