“Da janela do meu quarto contemplava a Arena d’Almeirim todos os dias antes de dormir”

Almeirinense, filho da terra, aluno da Escola de Toureio de Pedro Gonçalves, sendo também aluno da Escola de Toureio do Campo Pequeno, na era da gestão de Rui Bento. Posteriormente, optou pela carreira de Novilheiro, indo radicar-se em Salamanca (Espanha). Sempre teve um sonho: ser Matador de Toiros, sonhando ser como o mítico “El Juli”.

Diogo Peseiro não teve uma carreira nada fácil. Em 2019 só toureou duas novilhadas, tendo numa delas, cortado quatro orelhas e um rabo, saindo pela Porta Grande! Foi em Diezma. O toureio a pé em Portugal está de mal a pior, cada vez há menos espetáculos. Em 2020 apontava para uma boa temporada, mas a pandemia veio adiar a alternativa.

Diogo Peseiro nunca perdeu a esperança, com muito amor, muita vocação, disciplina e simplicidade foi conquistando pequenos objetivos. Pensou em desistir “milhões de vezes” mas o seu talento “falou mais alto”!

Viveu anos a fio sozinho, longe dos seus pais, dos amigos e de alguma namorada, mas o seu “sonho” reviveu, treinando física e psicologicamente, 365 dias do ano. Tem tido, como pilares do seu trajeto de Novilheiro, a sua família, o seu apoderado Maurício do Vale, Rui Bento, Pedro Gonçalves, entre outros. A sua maior referência é o matador de toiros José Tomás.

Já toureou em Almeirim, como Novilheiro, ombreando cartel com António Ferrera. Tourear na sua terra natal foi um “sonho”. Nunca pensou tourear em Las Ventas (Madrid), mas a ironia do destino já fez com que toureasse lá duas vezes. Não saíram como contava, “mas como não podemos limitar os nossos sonhos”, já tirou a Alternativa de Matador de Toiros, no dia 8 de Setembro de 2024.

Diogo Peseiro está de regresso a Almeirim e, no dia 27 de abril, terá a primeira corrida depois de se ter tornado matador. Nesta conversa com O ALMEIRINENSE, Diogo recorda os tempos em que vivia na rua do Matadouro e revela o quão importante é estar em praça com Borja Jimenez.

O que representa vir a Almeirim, dia 13 abril, à sua terra na primeira corrida em Portugal depois de se tornar matador?

É um sonho, graças a essa praça tenho um propósito de vida e um sonho de ser figura do toureio insaciável. Cresci nessa mesma rua (Rua do Matadouro Novo) numa humilde casa a escassos 100 metros, e da janela do meu quarto, a contemplava todos os dias antes de dormir. Almeirim, para mim, significa tudo e, ser o primeiro Matador de Toiros da cidade, deixa-me repleto de orgulho.

O que espera do público da sua terra?

Se há algo que nos define, como almeirinenses, é a imensa alegria e a grande união que existe entre todos, e sei que o público me irá receber de braços abertos. Por isso mesmo, eu sinto muita responsabilidade e espero que seja uma tarde importante.

O quão importante é dividir cartel com Borja Jimenez ?

Profissionalmente, este é um momento importante, visto que é uma figura do toureio e tem grande repercussão tourear e triunfar alternando com ele, e interiormente, também pela motivação que isso acarreta. O Borja Jiménez não teve uma carreira fácil, coincidimos em Sevilha muitas vezes treinando e, felizmente, a sorte juntou-nos. Com o trabalho e as condições incríveis que possui, ele conseguiu posicionar-se como figura do toureio, algo que também ambiciono.

Como tem corrido este ano?

Um ano de muita preparação e paciência tal como os anteriores. À parte do toureio também me dedico ao desporto, sobretudo à maratona, o que é excelente para que a mente e o corpo estejam em sintonia. Essa sintonia é muito importante no momento em que um toureiro entra numa praça de toiros.

Que mensagem deixa à Misericórdia de Almeirim que organiza a corrida e ao público que esperamos que encha a arena?

À Santa Casa da Misericórdia de Almeirim, eu tenho primeiramente que agradecer o detalhe de contar comigo e com muitos outros toureiros que, direta ou indiretamente, pertencem ao concelho, assim como a parte do grande trabalho que realiza com a angariação de fundos através das corridas de toiros que sempre são solidárias. Espero que se encha a praça, não só pelo grande cartel conseguido, mas também pela causa e ajuda ao próximo que engloba esta corrida.