Embuste

Nos dias que correm, cada vez é mais usado, o dever de um eleito como uma coisa fora da sua esfera de ação. Um eleito, para qualquer cargo, tem o dever e a obrigação de gerir a “coisa” pública em prol da Sociedade ou Comunidade na qual está a exercer as funções.

Em Almeirim, assiste-se, quase até à exaustão, a diversas obras a serem fotografadas diariamente, e muitas a serem rotuladas de “administração direta”! Então um Autarca, quando eleito, não é para gerir as verbas dos nossos impostos, de forma a manter, melhor e/ou aumentar as infraestruturas e serviços da Autarquia? Não é preservar as ruas e estradas, parques e jardins, edifícios e serviços? Ou só o deve fazer quando já está tão mau de conservação, que leva a uma maior intervenção, justificando, assim, empréstimos contínuos à banca, impostos e taxas municipais elevados?

Pergunto: se forem a um negócio e a pessoa que vos atender, fizer o seu dever, essa mesma pessoa irá tirar-lhe uma foto e publicar, seja em redes sociais ou na comunicação social? E depois dizer que atendeu um cliente, que fez um bom atendimento, ajudou a escolher o produto, deu o troco no pagamento e ainda desejou um “bom dia”!?

Ninguém o faz, nem acha que o deve fazer, porquê!? Porque é a obrigação, certo!? Então, porque se há-de enaltecer uma obra de um autarca, se é o dever e obrigação dele! É pago pelos nossos impostos! Apesar de não ser eleito por todos, não deixa de ser pago por todos!

Assim, como todas as obras e demais ações, bem como todas as regalias de todos os eleitos, são pagos com as verbas arrecadadas pelos impostos sobre cada um de nós!

Quem acha que não vale a pena votar, e depois, tal como todos os outros, sente na pele que as coisas não estão bem, e nem são bem, e nem são transparentemente geridas, tem de perceber, de uma vez por todas, que o voto não é só um direito, é um DEVER!

João Vinagre
CDS Almeirim

Artigo de opinião publicado na edição impressa de 15 de junho de 2021