PAPELARIA TITI Annie tem 82 anos. Josué tem 78 anos. O casal Gonçalves Rosa é dono da Papelaria Titi, aberta há 46 anos. O Jornal O Almeirinense foi conhecer a história da papelaria mais antiga em funcionamento e das dificuldades com a Covid-19.
Como surgiu a ideia de abrir a papelaria?
Josué Gonçalves Rosa (J.G.R): Foi ideia da minha esposa, porque aqui não existia nenhuma. E ela, como era professora, pensou que tendo uma papelaria era bom e lá foi (risos).
Sendo assim, é a papelaria mais antiga daqui do concelho?
J.G.R: Sim. É a única que existe em funcionamento, embora já tivesse havido outras (pausa).
E como tem sido a evolução do negócio, porque os produtos vendidos anteriormente não são os mesmos que agora. Como tem sido essa evolução?
J.G.R: É evidente. Começámos por ter a papelaria em si e com o passar dos tempos foi-se modificando. Foi-se metendo outros serviços, como fotocópias, os Jogos da Santa Casa (pausa). Tem-se evoluído neste modo.
E este é um negócio que tem atravessado décadas e continua em funcionamento. O sucesso do negócio da papelaria deve-se a quê?
J.G.R: Bom, deve-se, vamos lá dizer, à teimosia em manter, porque nos tempos que correm e com a ajuda da Câmara Municipal de Almeirim que tem acedido a todos os chineses que por cá aparecem e todas as grandes
superfícies.
Portanto, em termos de impostos, muitos de nós, os pequenos comerciantes, devem estar em muitos maus lençóis face a essas empresas.
Tinha falado por teimosia. O que queria dizer com isso?
J.G.R: Por teimosia em querer manter aquilo que começámos há 46 anos e que continua com a família a trabalhar e com seguidores, em princípio.
Em março de 2020, a Covid-19 chegou a Portugal. Até então, quais foram as dificuldades que encontraram?
J.G.R: Não posso dizer que tive dificuldades com a pandemia. Não posso dizer isso, porque os clientes, respeitando as regras de segurança, continuaram a aparecer. Não vou pôr em causa a pandemia em relação ao nosso negócio.
Tendo em conta os anos de negócio, acredito que a relação com os clientes seja de muita proximidade. Têm histórias engraçadas?
J.G.R: Existem sempre histórias engraçadas (risos). Por exemplo, quando me pedem uma aposta do Euromilhões, eu pergunto em tom de brincadeira: “Quer com ou sem prémio?”. E chega a haver pessoas que me perguntam se com prémio é mais caro (risos).
Normalmente, temos uma proximidade com os clientes, em termos humanos e de relação, muito amistosa e boa.
E a continuidade do negócio está garantida para o futuro com a passagem do negócio de geração em geração?
J.G.R: Sim, com certeza que está, porque o filho trabalha cá e em breve será ele a tomar conta de tudo.
E que mensagem é que gostaria de deixar?
J.G.R: Sobretudo aos nossos clientes, que nos continuem a procurar, a dar o benefício de confiança aqui da casa, que nós sempre mantemos, e que melhores dias venham para que o pequeno comércio continue e que possa sobreviver no nosso concelho.