“Não pensava mais meter-me nisto”

O que o levou a aceitar este desafio?
Este desafio foi uma iniciativa minha. Iniciativa, porque acho que chegou a altura de recuperarmos a autonomia que a freguesia perdeu completamente neste último mandato. Ter um presidente de Fazendas de Almeirim de novo à frente da Junta e ser um presidente cá a gerir a Junta, coisa que não acontece agora. Depois porque vejo que há coisas que deviam estar feitas e não estão. Vejo a freguesia que estagnou e que neste último mandato está a regredir, cada vez mais está pior, porque eu ouço as pessoas e já há mais de um ano que dezenas de pessoas têm vindo ter comigo para eu concorrer.
Não pensava mais meter-me nisto e agora com os problemas graves de saúde que tive, mas contrariando a opinião dos meus filhos e até de um dos meus médicos, vou avançar para tentar que volte a ser o seu presidente a mandar na freguesia, coisa que não acontece agora, e realmente há assuntos gravíssimos que se estão aqui a passar. Eu posso dizer que neste tempo de pandemia a Junta não sei se chegou a fazer alguma coisa, mas para tentar identificar pessoas que estavam em dificuldades, eu e a minha mulher chegávamos a ir a casa de pessoas levar-lhes comida. Ora, como essas deve de haver muitas na freguesia. Além do mais, eu tinha criado um almoço aos sábados para as pessoas necessitadas e tinha 29 famílias referenciadas onde íamos levar comida. E este presidente acabou com tudo isso.
Agora, neste momento que ainda estamos a atravessar, mas há um ano atrás foi bastante grave. Mas será que essas famílias já estão todas bem ou haverá, para além dessas, muitas mais a precisar de ajuda e não a tenham tido?
E depois há coisas que deviam estar feitas e não estão. Eu vou dar-lhe algumas obras prioritárias onde há muita coisa
para fazer. No primeiro mandato do João, porque fui eu quem lá o pôs para ser o meu sucessor, na primeira ou segunda reunião que tivemos, eu disse-lhe que tinha já falado com o Sousa Gomes para que a Escola de S. José passasse a ter melhoramentos e que passasse para lá a Junta de Freguesia, os Correios, a Loja do Cidadão, ou seja, que passasse tudo para lá; estava aí tudo concentrado, havia o aproveitamento dos funcionários e temos ali espaços à vontade para o parque de estacionamento em frente, que é propriedade da Junta. Sabe qual foi a resposta do João? “O Zé Gomes já morreu”. Isso não é resposta que se dê.

Disse que quem manda na Junta não é o presidente da Junta. Então quem é?
Em fins de abril, princípios de maio, não posso eu agora precisar… O Pedro Ribeiro mandou telefonar lá a sua assessora para convidar-me para uma reunião de Câmara com ele e com o presidente da Concelhia, salvo seja, porque o Pedro Ribeiro é quem manda no partido, se eu podia lá estar com eles, porque não queriam tomar uma decisão para a Junta das Fazendas sem falarem comigo.
Eu achei estranho e depois de eu lá vir mais estranho achei ainda. Porque, sem eu saber, o Pedro Ribeiro e vários emissários, porque ele nunca gosta de mandar a cara, gosta de mandar os outros para não ser ele a ouvir os “nãos”. De facto, já tinham convidado o Zé Manel, que faz parte do executivo e que daria um bom presidente e de quem sou muito amigo.
E o Zé Manel, por motivos profissionais, porque ele é um bom construtor e está a ser já um grande construtor, não tinha hipóteses de estar na Junta, porque para ir lá ao final do mês e levar o ordenado, isso não é ser-se presidente de Junta, que é infelizmente o que está a acontecer. E então, eu disse ao Pedro Ribeiro aquilo que tinha dito há quatro anos: “Pedro, eu disse-te há quatro anos que fui enganado. O João não é indivíduo para estar na Junta. As pessoas lá são quase unânimes em dizer que o João é um indivíduo sem iniciativas nenhumas. Portanto, eu disse-te há quatro anos que ele não fosse reconduzido. Tu, com algumas mentiras, que eu depois já não tive tempo de concorrer, conseguiste que ele lá ficasse, e agora vocês têm a prova.”
E o Pedro Ribeiro e o Gustavo Costa, que é o presidente da Concelhia, no gabinete do Pedro Ribeiro, foram unânimes em dizer: “O João é muito bom rapaz, mas como presidente da Junta não serve. É uma carta fora do baralho”.

Já renunciou à militância?
Na prática sim, teoricamente ainda não. Estava a pensar fazer uma exposição para o Largo do Rato e estava a pensar mesmo em enviar o cartão. Estiveram a pedir para eu não me precipitar, para que não mandasse o cartão, nem sei onde tenho o cartão, sinceramente. Sei que tenho as quotas em dia, coisas que muitos, se calhar, que estão lá junto ao Pedro nunca foram nem serão socialistas, mas enfim… O Pedro não gosta de gente que tenha ideias e que o enfrente; gosta de gente que diga “Amém”… Pronto, tenho o meu feitio, não tenho feitio para isso. Tive feitio para trabalhar com o Zé Gomes por 12 anos e está aí a obra feita na freguesia. Podem ver as ruas que estão alcatroadas quando eu cheguei à junta e depois ficaram todas alcatroadas.

Que balanço faz destes oito anos?
A junta não investiu rigorosamente nada, porque o autocarro custou 200 mil euros e eu deixei-o integralmente pago. A carrinha de 16 lugares que está a apodrecer há oito anos no barracão da junta, porque a Câmara tinha feito os 16 anos, não dava para transportar as crianças e a Câmara ofereceu uma carrinha nova à junta. Porque é que aquela carrinha não está ao serviço? Não pode transportar crianças? Não há aí tantos idosos que pagam táxis para irem à farmácia, para irem ao médico… a carrinha não podia fazer isso?
Não podia ser dada, como eu fiz? Dei uma ao Fazendense, não podia ser dada a uma coletividade que anda constantemente a pedir-me transportes à Câmara e à Junta… Não se podia dar essa carrinha a uma coletividade dessas para evitar que a carrinha estivesse a apodrecer?
O que é que vão fazer agora ao fim de oito anos? Qual o estado em que aquela carrinha está? Mais grave! Eu soube recentemente que o nosso autocarro de passageiros esteve alguns meses parado por não ter inspeção. Isto é uma vergonha! Tivemos uma ambulância, a nossa maior, esteve ali um ano e tal na rua à espera que o presidente conseguisse arranjar uma peça na sucata. Isto é inadmissível! Uma mercedes com um milhão de quilómetros e vão arranjar uma peça na sucata?! Nesse ano, há um ano e tal que ela esteve parada, tinham tirado receitas que davam para pagar uma peça nova.
E o João, que nasceu dentro de uma oficina, não sabe que uma peça dessas da sucata agora numa ambulância já velha como é aquela, daqui por meia dúzia de meses está a precisar de levar outra? Isso são coisas que as pessoas não sabem, mas devem saber. Porque aqui na freguesia das Fazendas, o Pedro Ribeiro vangloria-se em dizer: “Qualquer burro nas Fazendas com uma camisola do Partido Socialista ganha as eleições”.
Bem, espero que ele se engane desta vez, porque as pessoas da minha freguesia não são burras! Se votarem nas pessoas, como eu espero que votem, espero que votem em mim, porque contrariamente também quero aqui fazer um reparo ao que vinha n’ O Almeirinense, eu não sou o concorrente da Direita. Eu pensei em fazer uma lista de independentes e quando essa lista começou a ganhar corpo, e ao ver no O Almeirinense que a Direita não tinha nenhum concorrente, eu liguei ao meu amigo, engenheiro Nuno Fazenda dizendo-lhe que estava a fazer uma lista de independentes e perguntei-lhe se era verdade que eles não concorriam a nada. Eles disseram: “Nós não temos nada; não temos ninguém, não conseguimos arranjar uma lista e nós não nos metemos nisso”. Eu disse: “Nós estamos a fazer uma lista de independentes”.
De facto, passados dois dias, telefonaram-me, não só já o engenheiro Nuno Fazenda, como o Dr. João Lopes e outras pessoas, a perguntarem-me se efetivamente eu estava a fazer uma lista de independentes. Eu disse que sim. E a resposta foi pronta: se eu aceitava o apoio deles. Todos os apoios são bem-vindos!
O que eu pretendo é ter gente capaz na minha lista e que sejam reconhecidos com o maior número de votos possível
para eu ganhar a junta. Mais tarde, não sei porquê, o próprio PSD informou-me que o CDS também estava disponível. Até hoje, do CDS ninguém falou comigo e, portanto, acreditei que tenho neste momento a confirmação, porque pus três pessoas do CDS na minha lista, que são pessoas muito competentes, uma delas já esteve na assembleia pelo CDS.