O Conhecido Humorista, João Rosa Luz, considera a comédia muito mais do que um simples género; é uma forma de vida. Numa conversa com a Almeirinense TV, João considera que a capacidade de rir é natural para a espécie humana, e até uma terapia ; já o fazer rir pertence à natureza do “engenho e arte”.
Sem medo da liberdade humorística ou dos temas tabu, Rosa Luz, casado e pai de dois filhos menores, falou ao Almeirinense TV sobre o humor, a sua arte de fazer rir os outros e de como a vida o ensinou, através do riso, a olhar o mundo de forma positiva.
Mas o essencial, diz o humorista, para um bom espectáculo de humor é ter bom gosto e bom senso. Há mais de 10 anos que o humor é a sua forma de vida. Começou com a Rita Leitão, na Rádio Cardal a participar nos seus programas e acabaram a fazer alguns espetáculos. É autor de podcasts e de um programa no Canal Youtube – Frangos para Fora, uma espécie de comédia à la carte, em que é o público que lhe faz uma “encomenda” de humor . Antes de ser comediante é um “performer”, assim se definiu, Rosa Luz. Desde pequeno que gostava de “aparecer”. Lembra-se que, já na escola, a sua alcunha era “O Bolinha”. Nunca viu isto como algo negativo (sim, era gordinho mas a culpa era dele), preferia tirar partido da situação e divertir-se. No Secundário fez parte de uma Companhia de Teatro que ainda hoje persiste, uma companhia algo alternativa, a Inestética. A sua curiosidade muito própria em aprofundar as relações e interações sociais conduziram-no ao curso superior de Sociologia que lhe deu “o emprego”. Faz o que se chama um produto corporativo, destinado aos recursos humanos das empresas com vista a melhorar as relações interpessoais- adapta a sua arte do riso e do improviso às competências relacionais.
O Stand Up Comedy veio depois. Dani Rovira, em Espanha, Rafinha Bastos, Tiago Ventura, Afonso Padilha, no Brasil e os americanos Kevin Hart, Ricky Gervais, Seinfeld (que até tem a magia de “fazer piada sobre o nada”!) são humoristas que hoje admira, mas o seu ídolo é mesmo Rui Sinel de Cordes que lhe deu um Workshop onde aprendeu muita técnica e a escrever para comédia. Marcou-o para sempre os sete minutos de espetáculo de final do workshop! Não é fácil. Cada espetáculo precisa de um trabalho de muita preparação. Não sendo um “papão”, o público é uma lotaria! Fazer rir é “sempre uma atividade perigosa” e “saber rir de nós próprios é um crescimento pessoal”! Há, depois, os temas e Rosa Luz diz que, não tendo temas tabu, é o seu próprio “censor” e impõe a si próprio os seus limites. É uma questão de ter a perceção do que é bom. E recorda que foi num espectáculo em Almeirim (o único que fez aqui) que fica a saber que tem um tumor na cabeça. Foi direto para o hospital onde ficou um mês. Esteve sem criar durante um ano. Com a ajuda da mulher começou a reescrever comédia. E até fez piadas sobre a doença… “já não parecia mal”! Confessa-se autor – prefere escrever artigos, colunas humorísticas e gostava de o fazer a tempo inteiro. O tipo de comédia que se faz atualmente é de muita qualidade, de uma forma geral. Sempre tivemos tradição de bom “humor”. Raul Solnado fez no seu tempo o que hoje chamamos de Stand Up Comedy. Mas o humor evoluiu. O Herman José é um grande humorista e foi o mestre desta nova geração. O Levanta-te e Ri é um exemplo deste humor de “improviso” mas também da comédia de piadas, como é o caso da performance do Fernando Rocha. Rosa Luz considera que o futuro da comédia passa pela diversidade e pela multiplicidade de estilos ou géneros. E, claro, a evolução também está no público que está mais recetivo, mais tolerante ao humor.
Teresa Sousa