A Casa do Moscadim, na Chamusca, acolhe, a partir desta quarta-feira, 22 de junho, um projeto museológico e patrimonial que pretende ser uma “referência em restauro, conservação e musealização”.
O projeto, da responsabilidade da Patrimonium, empresa de gestão e promoção de bens culturais, surge numa casa senhorial do século XVIII, “considerada única na vila, e uma das mais importantes da região”, lê-se numa nota da Câmara Municipal da Chamusca.
A casa possui, nomeadamente, uma “relevante coleção de azulejos” no seu interior, “oriunda da Real Fábrica do Rato, ou da Bica do Sapato, de gosto D. Maria I”, rara em outras casas da região.
“A par da Casa dos Patudos [em Alpiarça] e da Casa-Estúdio Carlos Relvas [na Golegã], a Casa do Moscadim será uma das mais importantes atrações patrimoniais da região”, refere a nota.
O município destaca os painéis com uma figura masculina e outra feminina, “vestidos à moda dos anos 90 do século XVIII”, que se encontram nos dois lances da escadaria nobre, “únicos no seu género no panorama nacional”.
“A figura masculina representa um Muscadin (Moscadim em português), figura típica do pós-revolução francesa, que no contexto da época se distinguia das demais pela sua forma de vestir elegante e pelo uso da fragrância musk, originando esta designação. Dada a importância desta representação azulejar, a casa tomou o seu nome, chamando-se assim Casa do Moscadim”, acrescenta.
A casa pertenceu “a várias figuras da alta sociedade local que estavam ao serviço da Casa das Rainhas, tendo sido adquirida e remodelada” por Manuel Mendes da Cunha, sobrinho de “um dos maiores latifundiários do Ribatejo, proprietário da Quinta da Broa na Golegã”.
Oferecida à sua filha, por altura do casamento com o médico Carlos Pina Machado, cujo nome passou a estar associado à residência, no início do século XIX a casa torna-se “central na história local, nacional e internacional”.
Durante a terceira invasão francesa, o marechal William Beresford (1768-1854) fez da casa o quartel-general do Reino de Portugal, saindo dali, entre o final de 1810 e o início de 1811, todas as ordens militares que asseguram “a vitória final das forças luso-britânicas sobre os franceses”, acrescenta.
Na sessão de inauguração, realizada hoje de manhã, a Câmara da Chamusca assinou um protocolo para apoiar o lançamento da Casa do Moscadim como projeto patrimonial e museológico, através da divulgação, comunicação, promoção do projeto e apoio técnico, adianta a nota.
Durante a tarde, a casa poderá ser visitada gratuitamente, passando, a partir do próximo sábado, a ser possível fazer uma visita guiada nos últimos sábados de cada mês.
O programa de inauguração termina, às 18:30, com um Concerto de Música de Salão no Tempo de D. Maria I.
C/Lusa