As origens da relação do Homem com o touro não têm uma data específica e as mesmas perdem-se ao longo da história. Prova disso, são as várias manifestações de arte rupestres do Paleolítico Superior, como por exemplo as existentes em Portugal em Foz Côa (18.000-15.000 A.C.) que expressam a relação de admiração e veneração do Homem pelo touro.
Esta influência mantém-se, até aos dias de hoje, na arte e cultura da civilização ocidental. O touro foi e é visto como um animal místico, alvo de cultos religiosos, símbolo de fertilidade e da virilidade. Deste modo, o enfrentamento do touro pelo Homem era uma forma deste se apoderar dessas qualidades.
A tauromaquia resulta dessas influências. Com origem na caça e na preparação do Homem e dos cavalos para a guerra, as corridas de touros celebravam-se para marcar momentos importantes da sociedade portuguesa. A UNESCO, na declaração de 1982, na cidade do México, apresentou a sua definição de cultura: “No seu sentido mais amplo, a cultura pode ser considerada como o conjunto de marcas distintivas, espirituais e materiais, intelectuais e afetivas, que caracterizam uma sociedade ou um grupo social.
Neste sentido, a cultura compreende além das artes e letras, modos de vida, direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, tradições e as crenças deste modo, as touradas encaixam na perfeição nesta definição da UNESCO. As touradas são uma marca da cultura portuguesa, com as mais diversas marcas intelectuais e afetivas na sociedade portuguesa, especialmente fortes em diversas regiões e grupos sociais, sendo uma arte performativa, que encerra em si um sistema de valores, tradições e crenças que promovem a excelência humana e o humanismo. As bandas de música fazem parte da festa dos touros desde 1920 e são uma mais-valia nas corridas em qualquer praça. Segundo os aficionados estas,” são um complemento de várias artes para as corridas”.
Manuel Telles Bastos e António Telles revelaram que a música durante a lide é um incentivo para o toureiro e para o cavalo, e que os toureiros da Tourinha habituaram-se a treinar os cavalos com música ambiente. “Quando não havia música, eram os vizinhos e amigos ciganos que cantavam para descontrair os cavalos e cavaleiros”, recordou o jovem neto de Mestre David Ribeiro Telles no colóquio “A Banda, os Toiros e o Fado”, que a Sociedade Filarmónica União Samorense promoveu em 2016. Já Manuel Telles Bastos e António Telles revelaram que a música durante a lide é um incentivo para o toureiro e para o cavalo, e que os toureiros da Tourinha habituaram-se a treinar os cavalos com música ambiente.
Na opinião de alguns aficionados as bandas filarmónicas devem tocar sempre que o público peça; no entanto outros defendem que deve haver silêncio de modo a que se possa ouvir o artista a falar com o touro e ouvir as reações do público. Hoje em dia existem dezenas de músicas (passodobles) compostas propositadamente para a festa, algumas delas dedicadas a vários artistas. Nesse mesmo coloquio sobre o fado nas corridas de touros, Rodrigo Pereira “considera que em alguns períodos da corrida, pode ser um complemento de valorização do espetáculo, mas nunca durante a lide”. Em suma, a tourada é um misto de artes, onde a música é parte integrante da mesma. Nem todos, gostam ou aceitam a festa brava isto é um facto, mas na minha humilde opinião, devemo-nos respeitar uns aos ouros como por exemplo a nível de religiões.
Artigo de Filipe Costa, Maestro