A propósito da celebração do Natal que se aproxima, do único Pastor que é Cristo, dirijo-vos caros irmãos e irmãs da Diocese de Santarém esta breve mensagem.
O mundo avança com afirmações de poder, de ódio e de guerras que nos fazem refletir sobre o sentido da civilização humana e o valor de cada pessoa. Tendo em conta a evolução da espécie humana, somos confrontados com manifestações de retrocesso civilizacional: guerras entre povos e nações, violência entre familiares, abusos de crianças, exploração humana, tráfico de pessoas, tudo isto são manifestações de desinteresse pela edificação de uma só família humana com base na justiça e na paz. Tudo isto é rejeição do princípio da centralidade da pessoa humana como critério para a construção de uma fraternidade universal.
A primeira festa dos cristãos não foi o Natal, foi a Páscoa. Progressivamente, surgiu a necessidade de celebrar o Natal para afirmar festivamente que Jesus é a verdadeira luz dos povos. Mais ainda, como uma oportunidade para contemplar no Nascimento de Jesus a humanidade de Deus. Só os cristãos afirmam que aquele Menino do presépio de Belém é Deus com o Pai. Então, enquanto o mal avança contra a humanidade em tantas geografias, Deus nasce pessoa humana para assegurar uma proximidade e um relacionamento filial e salvador.
No Natal contemplamos no Menino do Presépio o Deus que nasce sujeito a tudo e dependente de todos. É o Deus frágil, sedutor mas todo poderoso no amor que perdoa, purifica e salva. É o céu presente na terra. A fragilidade e a dependência com que aparece, revela que o Menino nasce, não para dominar mas para ser acolhido. E é este o drama: Deus veio aos que eram seus e eles não o receberam.
A afirmação do poder e das armas da guerra, esconde uma verdade: sem amor e sem bondade o mundo não tem futuro e se tiver, será muito pouco interessante. Portanto, celebremos o Natal do Senhor com fé, confiando em Deus e na esperança de que os homens e mulheres com especiais responsabilidades se deixem inspirar e usem a sua capacidade de diálogo para resolverem os problemas que os preocupam.
Convido todos os cristãos da Diocese a promoverem o perdão, a reconciliação e a paz. A todos os Padres, Diáconos, Irmãs Consagradas, agentes das diversas áreas da pastoral, todas as crianças, jovens e adultos de todas as idades, famílias, comunidades, movimentos, empresas e instituições, os votos de santo Natal com a intercessão de Maria, Mãe de Jesus, e de São José. A todos convido a sermos mediadores da mensagem do Natal, participando na promoção do perdão e da alegria, edificando o bem e a paz que Deus quer para o mundo.
José Traquina, Bispo de Santarém