Depois de vencer tudo o que havia para vencer, Marta Carvalho foi contratada pela equipa de sub-23 da CANTABRIA DEPORTE – RIO MIERA. Ao nosso jornal, a atleta analisa a temporada e perspetiva o futuro com um grande sonho.
Que balanço faz da temporada?
Faço um balanço positivo da minha temporada de 2023, comecei bem o ano a vencer os campeonatos nacionais de pista nas 3 disciplinas, Scratch, Eliminação e corrida por Pontos. Fiz algumas corridas internacionais pela seleção de Btt e Estrada, vencendo uma prova da Copa de Espanha em Estella na vertente de estrada. Venci a Taça de Portugal de estrada, composta por 5 provas de ciclismo de fundo. Fui camisola verde na volta a Portugal de sub-19, ficando em 4º à geral. Vencedora da camisola Branca, da juventude e 14º à geral na volta a Portugal de Elites. Estive presente no campeonato da europa de estrada na Holanda e no campeonato da europa de pista em Anadia, dos quais tiro boas ilações e aprendizagens, onde os níveis competitivos são mais elevados. Termino a minha época com a vitória na taça de Portugal de pista, constituída por três dias de prova, nas disciplinas de Scratch e Pontos. Apesar destes resultados, a época tem sempre altos e baixos, não estamos sempre bem fisicamente e psicologicamente.
Qual o ponto mais alto?
O meu ponto mais alto da temporada terá sido quando fui campeã nacional de pista e também ter feito um bom europeu de estrada, correr entre as melhores juniores da Europa, num percurso técnico, rápido e acabar tão perto do grupo da frente foi superar as minhas expectativas e alcançar bons níveis pessoais.
O ano começou bem com as vitórias nas três disciplinas dos nacionais e fechou com a conquista da Taça. Melhor era impossível?
Sim, foi um ano com bastantes vitórias, mas também de muitas aprendizagens e tentarei ser melhor para o próximo ano, onde vou iniciar num novo escalão Sub23/Elite tendo novos desafios e novas experiências.
Ser a vencedora da juventude e 14.ª na Volta a Portugal foi bom?
A volta a Portugal é uma prova com um maior grau de dificuldade pois vêm atletas de vários países e equipas estrangeiras. Era um dos objetivos da época, pois queria estar numa boa forma para conseguir disputar com as adversárias mais velhas, eu era júnior de 2º ano a competir com atletas de escalões de Sub23 e Elites. Apesar de ainda me faltar alguma experiência, fiquei bastante contente com o meu resultado nesta Volta a Portugal. Foi importante esta experiência pois será este tipo de nível competitivo e de traçado de provas que irei encontrar no futuro. Foi uma prova de 5 dias, o qual não estava habituada a fazer, mas de dia para dia fui tentando sempre o meu melhor e consegui obter a camisola branca e um 14ª lugar à geral, o que com o nível de atletas presentes e eu apenas com 17 anos na altura, considero um excelente resultado.
Como gere o facto de viver cá e ter estado na equipa ExtremoSul?
O ciclismo é um desporto mais solitário não é, por exemplo, como o futebol que precisam sempre de estar em equipa para treinar. A minha equipa era do Algarve, mas encontrávamo-nos sempre para as corridas e davam todo o apoio necessário, transporte, alojamento, apoio técnico em prova, assim não fazia muita diferença estarmos mais afastados nos períodos em que era para treinar.
Para lá da vertente física, a parte mental e o equilíbrio/foco que a família lhe permite são decisivos para estes resultados?
Sim são muito importantes pois tem de haver um equilíbrio de todas as partes, no desporto não é só a parte física que interessa também precisamos de estar bem mentalmente, pois a mente é que comanda o corpo. Se estivermos psicologicamente em baixo isso vai-se refletir no nosso desempenho. Para mim, o apoio da família é essencial pois eles apoiam-me incondicionalmente e ajudam-me a ser resiliente, sem eles era complicado eu praticar este desporto pois também envolve custos bastante elevados.
Quando surgiu o interesse dos espanhóis da CANTABRIA DEPORTE – RIO MIERA? Foi fácil chegar a entendimento?
Começou a haver contato e interesse depois da volta a Portugal de cadetes e sub-19, onde fui 4 à geral e venci a camisola de pontos. Foram bastante acessíveis, então foi fácil de chegarmos a um acordo, sem qualquer tipo de pressão, a ideia de um projeto de internacionalização e de ter também mais duas colegas portuguesas facilitaram a minha decisão. Vou de espírito aberto e com muita vontade de ajudar e aprender.
Como vai ser estar a esta distância? Ou vai mudar-se para Espanha?
Vou continuar em Portugal a treinar, irei a Espanha para estágios com a equipa ou a realização de provas. A equipa virá a Portugal realizar algumas provas portuguesas, sendo assim uma partilha de viagens entre todos.
Marta, e a escola no meio disto tudo?
É complicado conciliar este desporto com a escola, eu decidi interromper um ano nos estudos, fazendo um ano sabático, para me poder focar unicamente no ciclismo e ver o que consigo fazer no desporto, nunca esquecendo que um curso superior estará sempre no meu pensamento, pois temos de ter um plano B.
E a família ou amigo?
A família e os amigos são bastante importantes, porque sem o apoio deles não chegaria até aqui, dão-me mais motivação e estão sempre comigo, sempre que possível acompanham as minhas provas, é importante para mim esse apoio.
O que quer ser quando for grande?
Ainda não tenho algo decidido, mas no futuro mais próximo, quero continuar a minha carreira no ciclismo pelo menos enquanto tiver prazer no que faço.
Quais os maiores sonhos pessoais e desportivos?
A nível desportivo queria alcançar um título europeu ou mundial ou até mesmo conseguir ir aos jogos olímpicos. A nível pessoal gostava de conseguir uma carreira no ciclismo, mesmo sabendo que é complicado ou ir pelo plano B, ter uma boa carreira profissional numa área que ainda estou a decidir.