Luís Leandro será, à semelhança de Daniel, um dos maiores responsáveis pelo reaparecimento do Atletismo em Almeirim. O dirigente é um faz tudo que foi puxado pelo filho para a modalidade. Os títulos sucedem-se.
A Associação 20 km de Almeirim foi, recentemente, distinguida como Super Clube, pela Associação que tutela a modalidade. O que é que isto representa para a secção?
Isto é o combinar de uma época transacta que correu na normalidade, após a pandemia que houve. Nós, este ano, conseguimos ultrapassar a fasquia dos 100 atletas. Em face das participações e dos resultados que obtiveram, conseguimos obter o 1º lugar do super clube. É o prémio que, além dos campeonatos e das provas que existem de preparação, é o somatório dos pontos obtidos durante todas essas competições distinguindo depois o clube que mais pontos conseguiu.
Falou também no número de atletas, 104, que lhes valeu, inclusivamente, o certificado de prata.
Sim, portanto houve uma quebra em 2020, mas tem vindo a aumentar. O ano passado tivemos 104 atletas inscritos, este ano posso adiantar que já vamos com 100 atletas. Portanto, o nosso recorde é 124. Julgo que este ano, se as coisas caminharem como até aqui, vamos conseguir ultrapassar esse número.
Esse número foi alcançado antes da pandemia?
Foi em 2015. Em 2020, tivemos 106 atletas, depois é que houve uma quebra, em 2021, 72 atletas, em 2022, 81 atletas e, depois voltamos a subir.
O decréscimo terá a haver com a pandemia?
O decréscimo aconteceu com a pandemia. Em 2020, tivemos muitos meses parados e parecendo que não, afastou muitos atletas. Agora temos a nossa vaga de divulgação, até junto das escolas, temos vindo a aumentar.
Nesta cerimónia, houve ainda outros prémios. Daniel Leandro foi distinguido como treinador dos campeões 2023, há ainda um prémio atribuído à direção técnica do clube… Estamos a falar de dois prémios diferentes.
Sim, dois prémios diferentes. Portanto o atribuído ao Daniel Leandro, em face ao troféu, do João Apolinário por ter sido campeão do salto com vara e, o troféu de direção técnica foi com o super clube. Portanto, pelo primeiro classificado do super clube, a direção técnica recebe sempre um prémio.
Com as condições que existem, qual é a radiografia que se pode fazer, neste momento, na modalidade?
A modalidade, como disse, está a crescer. Nós temos muito boas instalações, graças ao Município de Almeirim. Efetivamente, se não fosse o município não conseguíamos ter estas condições. Temos uma boa pista, sofreu uma reparação e está em perfeitas condições. O único senão, é o setor de lançamentos que, desde 2009, não temos um setor de lançamentos em condições.
Nem nas instalações municipais, junto às piscinas, não têm condições para fazer isso?
Não, falta-nos o setor de lançamento do dardo. Temos a gaiola para lançamento martelo e do disco, temos dois setores de peso. Falta-nos o setor de lançamento do dardo que é imprescindível, nós não podemos fazer dardo aqui neste sintético, o dardo danificava o sintético.
E há alguma indicação de quando é que isso pode ficar resolvido?
Não, vai sofrendo alguns avanços, mas tem sido devagar.
Ainda assim, o trabalho que vocês têm feito tem sido notável porque, com o aparecimento de resultados, o número de atletas que tem aparecido, estamos a falar de um trabalho muito árduo, difícil , e com resultados.
Sim, isto acaba por não ser um trabalho muito árduo, quando gostamos daquilo que fazemos, e tanto eu, como o meu filho, já estamos ligados ao atletismo há alguns anos. Posso dizer que fez este ano, 27 anos, que estou à frente do atletismo, muito por causa dele porque ele, como atleta, acabou por tirar o curso de treinador. No trabalho, no dia a dia, os resultados aparecem por acréscimo. Portanto, nós gostamos daquilo que fazemos, os miúdos são quase como uma família, sentem-se bem e vão chamando outros atletas e eles próprios fazem a divulgação da modalidade, e assim vão conseguindo os resultados.
Quem é que puxou quem, foi o pai ao filho? ou foi o filho ao pai?
Foi o filho ao pai. Ele na altura, foi convidado, ainda no tempo do São Roque, com o Luís Ervideira e o Luís Ferreira que estavam à frente dessa secção e fez algumas provas pelo São Roque. Eles depois, como o São Roque andava complicado e era para acabar, convidaram-me para fazer parte dessa secção. Ficamos na dúvida de como deveríamos fazer, entretanto surgiu o convite da parte do Sr. Gabriel Duarte para nos integrarmos nos 20km, que fazia todo o sentido. Já colaboramos com a associação da prova na altura e, fazia todo o sentido, um clube que estava ligado ao atletismo, ter uma secção de atletismo, então foi aí que o filho foi atrás do pai.
Estamos a falar de há quantos anos?
Foi em 1996 que foi criada a secção de atletismo, que começou nessa época. Portanto, eu já não entrei como São Roque, comecei com a Associação 20km. Desde aí até agora, essa ligação nunca mais se quebrou. Já não há hipótese de separar porque nós temos muita dificuldade em encontrar voluntários que queiram colaborar com a secção porque quando há eleições, é preciso fazer listas para a direção e é um bocado difícil. Portanto, desde essa data mantive-me com o Luís Ervideira e de resto, alguns vão colaborando, outros vão entrando e saindo, mas agora está estável.
Os seus dias depois de ter deixado a atividade profissional, são muito preenchidos com o atletismo, não é?
Sim, posso dizer que todos os dias saio de casa às 17h e chego às 22h e aos fins de semana acompanho as provas. Como faço parte do corpo de juízes da associação, também estou sempre ligado.
E nos seus tempos de juventude, teve alguma ligação ao atletismo ou não?
Nunca, mas tenho pena. Aliás, gostava de ver na televisão, apanhei alguns, mas nunca. Tenho pena de não ter praticado, a única modalidade que eu fiz como amador foi o voleibol.
E chegou a ter uma influência na decisão do Daniel para a escolha da modalidade para ele praticar?
Não, o Daniel era um bocado polivalente porque ele fez corridas de patins, ele fez ténis de mesa, ele fez badminton. Na altura, quando era preciso representar a escola, o professor dele de educação física, agora não me recordo o nome, convidava-o sempre para participar e ele participava. Entretanto, houve uma professora que lhe disse que ele devia de experimentar o atletismo. Foi quando falamos com o Luís Ferreira, que é da família, e foi quando ele começou a fazer as provas. Depois como começou a obter alguns resultados, entrou-lhe o bichinho. Distinguiu-se como atleta, também como treinador tem feito um trabalho notável.
Como é que define o Daniel e como é que caracteriza o Daniel? O Daniel Treinador, não é o Daniel Filho.
Eu posso dizer que ele se entrega de corpo e alma ao atletismo e acontece muitas vezes que ele está tão obcecado com aquilo que está a fazer, mesmo durante os treinos, que é escusado fazer-lhe perguntas. Até pode ser uma coisa simples, mas ele está no treino, não se consegue falar com ele. Portanto, acho que não o vejo fazer outra coisa.
É fácil o relacionamento do dirigente, treinador e treinador, dirigente?
É fácil, embora haja algumas questões, por exemplo eu é que trato das inscrições e, às vezes, por exemplo, à segunda-feira , quero começar a fazer as inscrições e ele diz “ temos que ver isso amanhã”, mas as inscrições são sempre feitas a tempo e horas.
Não levam as questões de treino e de dirigente para casa?
Levamos as coisas boas, as coisas más não vale a pena, isso é para esquecer. É raro, não temos coisas assim que possamos dizer que são coisas más.
Na época de natal e de passagem de ano, quais são os votos, os desejos para esta quadra e para aquilo que será o ano 2024?
Espero que realmente 2024 seja a continuação do trabalho que temos feito para melhor e que esta quadra, seja uma quadra efetivamente de paz e amor, não haja tantas guerras como temos visto e, que seja uma boa época a que aí vem.