Vivem-se tempos de conflitos, guerras à escala global, que direta ou indiretamente, todos testemunhamos. A exposição ou visualização de conteúdos de violência extrema ou morte através dos meios de comunicação social pode traduzir-se em efeitos adversos para a saúde mental.
O contacto permanente através de notícias e/ou reportagens alusivas à guerra com vídeos, imagens ou testemunhos reais pode aumentar a probabilidade do desenvolvimento de sintomas da Perturbação de Stress Pós-Traumático. Constam, por exemplo, problemas ao nível do sono, como pesadelos e os apelidados de “flashbacks” em que, através da memória, a pessoa reproduz o vídeo ou imagem potencialmente traumática como se a estivesse a vivenciar causando uma sensação de mal-estar e angústia.
A exposição a conteúdos violentos pode contribuir, igualmente, para sintomas associados à ansiedade e à depressão (e.g., tristeza, apatia). Emoções como o medo ou a sensação de insegurança e incerteza em relação ao futuro podem também surgir. No combate a estes sintomas ou na prevenção da agudização dos mesmos, é essencial limitar o tempo diário dedicado à exposição dos conteúdos dessa natureza de forma a diminuir o confronto com estímulos potenciadores de ansiedade. Assim sendo, ao criar distanciamento visual, também estamos a distanciarmo-nos emocionalmente.
É evidente que nem todas as pessoas desenvolvem os sintomas acima referidos, ainda assim, há quem se apresente mais vulnerável ao surgimento dos mesmos. Quando os sintomas prevalecem ao longo do tempo ou aumentam em termos de frequência e intensidade, o sujeito deve recorrer a um profissional devidamente habilitado (e.g., psicólogos, psiquiatras) de modo a flexibilizá-los e aumentar a sua qualidade de vida.
Adriana Zola, Licenciada em Psicologia, Mestrado Psicologia Forense