“Não podíamos estar mais orgulhosos”

Filipa Honório teve a difícil missão de substituir Maria Narciso. A aposta era arriscada mas os resultados apareceram e o entusiasmo não se perdeu. Vamos conhecer melhor a treinadora que tem uma Licenciatura em Ciências do Desporto e Pós-Graduação em Treino Desportivo, Ginástica.

Começo por lhe perguntar sobre os últimos resultados, permita-me acrescentar aqui, extraordinários resultados que têm conseguido. Concorda com esta minha ideia?
Antes de mais, obrigada pelo convite. Sim, é verdade. De facto, estes últimos resultados têm sido o reflexo daquilo que as miúdas têm feito durante a época. É claro que é um trabalho de equipa, da equipa técnica, de todas as treinadoras, dos elementos de direção, dos pais também, que apoiam sempre incondicionalmente as nossas conquistas. E, principalmente, das miúdas, não é? Que sai-lhes do pêlo e tem sido fruto de muito trabalho mesmo. Não podíamos estar mais orgulhosos.

Quais são os resultados que, para quem é mais entendido como a Filipa, destaca nestas últimas semanas de competição?
Nós participamos sempre em torneios e em provas distritais. Temos diferentes escalões que variam consoante as faixas etárias das ginastas. E os principais destaques têm sido torneios a nível distrital. Temos tido alguns pódios, no total foram cinco apuramentos para dois campeonatos nacionais. Um deles, o campeonato nacional de segunda divisão.
O outro, o campeonato nacional de divisão base. Tivemos um apuramento para o primeiro e quatro apuramentos para o segundo.

Temos aqui potencial para algumas atletas conseguirem grandes resultados a nível nacional?
É difícil, porque é um clube pequenino, não muito recente. É o segundo ano que estou à frente do clube, a convite da professora Maria Narciso. É difícil para um campeonato nacional termos resultados. Porque o nível de exigência é muito maior. Mas nós trabalhamos para conseguir o apuramento. O que vier daí já vai ser bom.

E porque estamos a falar também de uma modalidade, às vezes é arriscado fazer aqui comparações com futebol, andebol. Esses, se calhar, é mais fácil ter resultados mais rápidos. Na ginástica estamos a falar, se calhar, de anos e anos de dedicação, de treinos, para conseguir um título nacional, ou se calhar, nunca conseguiram um resultado dessa grandiosidade, não é?
Sim, é verdade. De facto, já se conseguiram apuramentos para nacionais, provas nacionais em anos anteriores. Mas a particularidade da ginástica acrobática é que elas, trabalhando por grupos, se durante um ano trabalhar com um grupo específico, e se esse trabalho não resultar, no ano seguinte já tem que haver alterações. Então, não é assim tão fácil conseguir que a dinâmica do grupo resulte e, consequentemente, atingir estas conquistas de chegar aos campeonatos nacionais. Portanto, para além de todas as coisas que se tem de trabalhar a nível técnico, de flexibilidade, de figuras acrobáticas, ainda há este facto acrescido da dinâmica do grupo ter que funcionar.

Quais são os objetivos ainda para este ano desportivo?
Para este ano desportivo, nós já estamos no culminar da época desportiva. Temos apenas uma prova que é este campeonato nacional de base e infantis. Pretendemos que o nosso primeiro objetivo é que as miúdas se divirtam, não é? Fazer o que mais gostam. Se conseguirem, que corra tudo bem. O nosso objetivo é sempre ficar entre os dez primeiros. Depois, para além desta prova, temos a participação em saraus.

E há o vosso também, no dia 16 de junho.
Sim, 16 de junho. No culminar da época desportiva temos sempre esta vertente de representação. Não há vertente desportiva. É mais para demonstrar às pessoas aquilo que fizemos durante a época, mas mais num ambiente festivo e não tão competitivo que tenha atraído também muita gente. Lá está, não há caráter competitivo.

É mais uma demonstração, uma apresentação.
Sim, exatamente.

A Filipa já falou da Maria Narciso, que deixou aqui a fasquia bastante elevada, não foi? O trabalho que ela fez foi muito meritório. E causando até muita tristeza, no momento em que ela se foi embora. Foi difícil acontecer com a Maria?
Foi aqui uma responsabilidade que me puseram em cima bastante grande. Tentei estar à altura. De referir que eu nunca tinha estado ligada à ginástica acrobática. A minha experiência vem dos saltos, cambalhotas e trampolins. Portanto, foi uma dificuldade que eu senti, foi pôr-me a par de tudo o que este mundo envolve. E sem dúvida que a Maria foi um grande suporte na fase inicial. Este era o “bebé” dela, foi ela que o criou, e que o viu crescer durante muitos anos. Portanto, fez questão de me acompanhar durante a fase inicial para que eu conseguisse integrar em todas as questões técnicas. E mesmo para me dar a conhecer aos miúdos e aos pais, e fez aqui este elo de ligação que foi fundamental para que eu conseguisse.

Tem valido a pena esta experiência?
Sim, sim, sim. Sem dúvida nenhuma, sim.

E é para continuar?
Claro, claro que sim. Os resultados são bons, os miúdos estão satisfeitos e os pais também. Já vamos com 100 ginastas inscritas. Depois da pandemia houve uma grande queda. E estamos aos poucos para conseguir recuperar essa adesão. E o objetivo é continuar a crescer.

Além disso, a que dias é que treinam? Que espaço é que vocês têm para treinar? Quais são as condições que têm?
Portanto, temos três classes disponíveis. A primeira dos bebés, que começa dos 3 anos e vai até aos 5. A classe dos bebés está a cargo da professora Filipa Jourdan e funciona às segundas, quartas e quintas. Das 18h às 18h30, no pavilhão ABC. E depois eu sou encarregue da classe de formação e de competição. Costumamos treinar às segundas, quartas e sextas, na Escola Febo Moniz.

Qualquer pessoa com maior ou menor jeito, pode experimentar e pode ver se tem jeito para a modalidade.
Sim. Claro que sim. O que nós fazemos não é apenas para quem já compete. Nós temos uma vertente mais formativa. Para quem nunca fez ginástica, para aqueles meninos que ainda não praticam desporto sequer, ou que fazem apenas na escola e que gostariam de ganhar algumas bases. E depois a partir daí, quando já conseguem desenvolver algumas habilidades, depois conseguem especializar na parte competitiva.