Chegou o Verão, vivam as férias!

Nas férias escolares, as crianças devem poder brincar livremente. Contactando de uma forma saudável com a natureza, elas combatem o sedentarismo e repõem os níveis sanguíneos de vitamina D. De uma forma lúdica, também desenvolvem de forma inigualável as suas capacidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais. 

Naturalmente, os pais procuram conciliar o seu período de descanso anual com as férias das crianças. Devidamente organizado, este período proporciona a vivência de momentos inesquecíveis com a família e com os amigos, permite aliviar o stress e a corrida do quotidiano, retemperando o vigor para o início do ano escolar. 

O tempo livre e o calor convidam para atividades salutares ao ar livre, idas ao campo ou à praia. Contudo, existem cuidados particulares que não devem ser negligenciados, para que as expetativas iniciais não sejam defraudadas. 

É importante que toda a família se desligue dos ecrãs e esqueça os compromissos laborais, para que possa dialogar e manter uma interação recíproca eficaz, investindo e desfrutando das atividades em que cada um colocou o máximo empenho.

O calor aumenta as necessidades hídricas, pelo que é imperioso reforçar a ingestão de água. Ela deve ser oferecida regularmente a todas as crianças, particularmente às mais pequenas que não sabem ou se esquecem de a pedir. Esta medida evitará desidratações indesejáveis.

As estadias prolongadas na praia não são desejáveis e estão contraindicadas nos mais pequenos. A paciência das crianças tem limite, sendo previsível que um cansaço precoce culmine numa birra interminável. Para além disso, as crianças não devem permanecer na praia durante as horas de maior calor. Devem selecionar-se as praias vigiadas, para diminuir o risco de afogamento. Nas praias fluviais é necessário ter em consideração os riscos associados à corrente dos rios.

Os raios solares são nocivos para a pele, podendo provocar queimaduras e, a longo prazo, cancro da pele. A diminuição da exposição solar e o uso regular de protetor solar a partir dos 6 meses diminui esses riscos. O protetor mais adequado varia com a idade da criança. O uso de chapéu claro e com abas largas, bem como o uso de roupas frescas que cubram os membros acrescenta alguma proteção. Porque os raios solares também podem causar estragos na retina, o uso de óculos escuros é recomendado. 

Nas viagens rodoviárias com maior duração recomendam-se paragens frequentes, por questões de segurança e para prevenir o previsível cansaço da criança. Elas devem ser sempre transportadas em cadeiras de contenção adequadas ao seu tamanho e idade, mesmo que em curtas distâncias. Antes de abandonar o carro, confirme se não ficou nenhuma esquecida no seu interior. Os golpes de calor podem provocar a morte de uma criança pequena num curto período.

Cada saída deve fazer-se acompanhar de uma pequena farmácia, que deve permanecer longe do alcance das crianças. Esta deve ser preparada com a devida antecedência, para que medicamentos essenciais não sejam esquecidos. Incluem a medicação crónica (se for o caso), um desinfetante e alguns medicamentos específicos, como os antipiréticos, que estarão disponíveis se a criança começar com febre. Medidas de arrefecimento e reforço da ingestão de líquidos constituem medidas adicionais. Os locais de férias, normalmente, possuem recursos médicos muito limitados para o excesso de população que aí reside transitoriamente. É previsível que situações não urgentes requeiram longos períodos de espera antes de uma observação médica. Um contacto prévio com a Saúde 24 pode revelar-se da maior utilidade.  

Em caso de destinos mais exóticos, é recomendada uma consulta médica específica, para avaliar a necessidade de vacinas adicionais, medicação e conselhos apropriados à respetiva estadia. 

À chegada a qualquer destino de férias é fundamental que se verifiquem as condições de segurança do local. Infelizmente, a proteção das piscinas com barreiras físicas não se encontra regulamentada em instalações turísticas. A curiosidade das crianças impele-as a descobrir o ambiente que as envolve. Desde que consigam arrastar-se ou gatinhar, elas podem deslocar- se para qualquer sítio desprotegido. O afogamento em piscinas continua a ser uma das maiores causas de morte em crianças durante a época estival. 

Descansar não significa “não fazer nada”, mas sim alterar as rotinas do quotidiano. A família deve concentrar-se na organização de atividades diferentes, aliciantes e divertidas, impraticáveis nos horários escolares das crianças e laborais dos pais. Independentemente do destino de férias, que até pode ser a residência habitual, a criatividade e o envolvimento de toda a família serão indispensáveis para que estes momentos se tornem inesquecíveis e muito produtivos. Piqueniques, jogos e passeios a pé, de bicicleta ou de comboio, visitas a museus, entre outros, constituem algumas sugestões. A mala de férias dispensa o supérfluo, não deve conter dispositivos eletrónicos, mas deve munir-se das recomendações e dos apetrechos indispensáveis para resolver problemas ligeiros e prevenir situações indesejáveis. Assim, o seu conteúdo deve sempre incluir: recipientes com água potável, protetor solar, óculos escuros, chapéus e roupa apropriada, medicação básica (que não deve estar ao alcance das crianças) e alguma comida saudável.


Opinião, por Teresa Gil Martins

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