O veterinário Rui Fortunato conquistou, recentemente, o Campeonato Nacional de Caça de Salto e também lançou um vinho branco carregado de história familiar. Vamos conhecer melhor estas facetas.
Na Feira da Caça de Mértola realizou-se o 12.º Campeonato Nacional de Caça de Salto, e o Rui Fortunato conseguiu o primeiro lugar. O que significa?
Significa ser reconhecido entre os pares no lugar mais mítico para a prática de caça de salto, a atividade cinegética que mais gosto. Trata-se de uma prova individual em que o binómio (caçador e cão) é colocado à prova na sua ligação e capacidade de trabalho em conjunto. É essencial o conhecimento da natureza e dos terrenos assim como a capacidade de encontrar caça.
Também recentemente foi tornado público um outro projeto na sua vida. O lançamento de um vinho. Como surgiu esta ideia?
Os meus pais e os meus avós foram toda a vida agricultores e, na casa do meu avô, ainda hoje existe uma adega. Desde sempre que me recordo dele a fazer vinho. E com ele fiz o meu primeiro vinho em 1999. De 1999 para cá muitas foram as experiências, em branco, em tinto e com vários métodos de vinificação, umas vezes engarrafava, outras não. Aí nasceu o sonho de fazer um vinho que valorizasse o trabalho que os meus pais tinham com a vinha. Que espelhasse o cuidado com que cuidavam da vinha e o potencial dessas uvas. Até que, em 2020, consegui reunir as condições que me pareceram necessárias para produzir um vinho especial. Sou médico veterinário, e certo dia estava na clínica e entra o Sr Augusto para saber se podia ir a sua casa tratar da sua mula que estava doente. Conheci a mula que o Sr. Augusto utilizava para cuidar da sua vinha. Fiquei a saber que a vinha tinha sido plantada pelo seu avô (registo de 1931). Falei com o meu pai, que me disse que essa poderia ser uma vinha boa para aquilo que procurava fazer, um vinho especial. Por essa altura, num evento em Lisboa provo um branco sensacional feito pela Joana Pinhão, um vinho que me fez sonhar e acreditar que tinha encontrado a peça que faltava para produzir um grande vinho em Almeirim: branco, seco, de Fernão Pires, de vinhas muito velhas que mostrasse elegância e categoria. Fazer vinho tem sido toda uma experiência memorável, da vindima às provas. O conhecimento sobre vinificação, barricas e estágio. Depois das primeiras provas de branco, em 2020 ficou claro que queríamos juntar um tinto ao projeto. Procurámos e encontrámos duas vinhas incríveis, desta feita na serra de Almeirim (Áfeca) duas vinhas em chão de pedras. Acreditamos que estes vinhos são distintos do que a região Tejo apresenta hoje no mercado e que podem espelhar um tipo de vinho elegante, seco e sério, que podem contribuir para a valorização da produção.
“146 Adega de Família” Vinhas Centenárias branco 2022 é apenas o primeiro?
Sim, é o primeiro a ter honras de apresentação à imprensa e destaque no jornal Expresso, assim como na restante crítica especializada. A esse junta-se o Vinha dos Gagos 2021 e o vinha da Inês 2021. Já engarrafados e por lançar estão o Vinha dos Gagos 2022 e Vinhas Centenárias branco 2023.
O porquê deste nome: “146 Adega de Família”?
146 Adega de Família porque a adega que utilizamos e onde fiz o meu primeiro vinho com o meu avô fica no nº146 da Rua Condessa da Junqueira, dentro da cidade, o que já não é tão habitual assim. Estou grato à minha família e à Joana por me terem dado esta possibilidade.
Envolveu a família nesta ideia?
Sim, é sem dúvida um projeto feito com a família e a pensar nela. Dar continuidade a uma atividade à qual estivemos sempre ligados e partilhar este gosto.
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Para 2025 teremos a continuidade?
Claro que sim.