Orçamento CMA

O orçamento apresentado enfatiza diversos investimentos nas áreas da saúde, educação, cultura, turismo e economia (páginas 5 e 6), mas não apresenta uma análise económica subjacente, como estudos de impacto, Return On Investment (ROI) ou projeções de crescimento económico local. Passo a clarificar, a menção ao investimento da Mercadona (500 postos de trabalho e 200 milhões de euros, página 6) é positiva, mas não há dados sobre como isso impactará o Produto Interno bruto (PIB) municipal, a arrecadação de impostos ou o desemprego.

Há uma clara reliance face aos fundos comunitários, investidores privados e parcerias (como com IPSSs e associações locais, páginas 5 e 6). No entanto, não há uma estratégia alternativa caso esses recursos não se concretizem, o que é um risco significativo num contexto de “menos dinheiro” no próximo quadro comunitário (página 3). Isso sugere uma vulnerabilidade económica que pode levar a deficits ou paralisação de projetos e, consecutivamente, ao abandono de obras públicas.

Os investimentos nos ramos da saúde (4 milhões de euros para o centro de saúde) e da educação (16 milhões de euros para creche e escola secundária, página 5) são destacados, mas não há comparação com outras áreas, como mobilidade sustentável ou certificação de produtos endógenos (página 6). Sem uma alocação equilibrada baseada em dados económicos (como a procura populacional ou potencial de retorno), há risco de subinvestimento em setores estratégicos ou de desperdício de recursos.

Os objetivos como neutralidade carbónica até 2050 (página 6) são mencionados, mas sem metas específicas (ex.: redução de X% de emissões) ou indicadores económicos associados. Isso compromete a capacidade de avaliar o sucesso ou falha das políticas. A ausência de uma visão estratégica e de dados concretos pode levar a uma gestão ineficiente, desperdício de recursos e insustentabilidade a longo prazo, especialmente em um contexto de incertezas globais (pandemia, guerra, etc., página 3). 

Goncalo Muidine – JSD Almeirim