Apagão deixou concelho sem luz. Supermercados não escaparam

Almeirim ficou sem luz durante pelo menos oito horas e trinta e cinco minutos. Bancos e algumas escolas fechadas, bombas de combustível encerradas, organismos públicos parcialmente encerrados, farmácias limitadas no atendimento, supermercados a atender um cliente de cada vez, com contas feitas à mão, e nas superfícies maiores chegou a existir mesmo alguma confusão.

Poucas horas depois da falha de energia, os portugueses e os almeirinenses também correram para os supermercados. Água, leite e enlatados foram os primeiros produtos a desaparecer das prateleiras. O que acabou nas prateleiras serviu para encher carrinhos de compras, sacos e as bagageiras dos carros. Vazios estavam apenas os super e hipermercados que, por não terem condições, decidiram fechar portas mais cedo.

Depois de ultrapassado este receio, depois de voltar a eletricidade, a manhã do dia 29 abril nas lojas foi para rever a qualidade dos produtos que ficaram sem sistemas de refrigeração.

Já ao inicio da madrugada nas instalações da Proteção Civil, Pedro Ribeiro, falava à Almeirinense TV sobre este apagão que também atingiu o concelho e a Lezíria do Tejo: “Trata-se de um evento que terá de ser estudado, para apurar a origem. Mas, segundo aquilo que vai sendo avançado pelos órgãos de comunicação social credíveis — e volto a frisar: credíveis —, tudo indica que não está relacionado com atos terroristas ou ciberataques. Nada disso. É uma situação que está a ser analisada, mas essas hipóteses estão excluídas. Isso também é importante que se diga.”

O autarca e responsável pela Proteção Civil aproveitou ainda para “deixar um conjunto de agradecimentos a várias entidades que estiveram no terreno. Foram 12 horas muito intensas. Muitas pessoas contactaram, resolveram e solucionaram questões — num plano de contingência que temos, mas para situações que nunca nos passaram pela cabeça. Houve aqui um trabalho que funcionou. Houve preparação que funcionou. Obviamente que todos temos de aprender com estas situações. Enquanto país, temos de estar preparados para resolver outras situações, sobretudo relacionadas com falhas de energia. Mas houve, efetivamente, muita gente que passou muitas horas a trabalhar — e de forma discreta — para que tudo fosse resolvido.” 

Espanha: Comissão investiga

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou no dia 29 a criação de uma comissão para investigar as circunstâncias do grande apagão de segunda-feira (28). Um tribunal também investigará as circunstâncias, procurando determinar se houve ciberataque. “O governo espanhol investigará a fundo esta questão e implementará as reformas e medidas necessárias para garantir que isso não aconteça novamente” — disse Sánchez numa conferência de imprensa após uma reunião de gabinete. O líder insistiu em não descartar “nenhuma hipótese até que tenhamos os resultados dessas análises”.

Balanços

Com o serviço de energia restabelecido na totalidade, assim como o de abastecimento de água – que afetou algumas localidades -, é agora o tempo de balanços, avaliações e críticas. Governo e Proteção Civil estão a ser alvo de contestação pelo “falhanço” e “demora” na reação. Para já, e sem uma explicação oficial para o que deixou Portugal e Espanha às escuras, Luís Montenegro anunciou que vai pedir uma auditoria europeia e avaliar “falhas no SIRESP”.