O Município da Chamusca inaugurou no sábado, dia 21 de maio, as obras de requalificação do Largo João de Deus, mais conhecido como Jardim do Coreto — um espaço emblemático da vila que renasce com nova vida, sem perder a alma que o torna tão especial para várias gerações de chamusquenses. Esta intervenção respeitou o valor histórico e patrimonial do jardim, preparando-o, em simultâneo, para responder às exigências da vida contemporânea.
A cerimónia decorreu no âmbito da maior festa do Concelho, a Semana da Ascensão, e foi marcada pela presença de autarcas, representantes institucionais e muitas famílias num ambiente de festa, marcado também pela presença do Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo e dos grupos convidados para o 35.º Festival de Folclore.
Na sua intervenção, Paulo Queimado, Presidente da Câmara Municipal da Chamusca referiu que “Este não é apenas um jardim. É um lugar de encontros, memórias, afetos e tradições. É um pedaço da nossa história comum, que hoje devolvemos à comunidade com orgulho, respeito e sentido de futuro.”
Acrescentou ainda que o Jardim do Coreto “é um património vivo da Chamusca, onde o passado, o presente e o futuro convivem.”
Com 140 anos de existência — desde a sua inauguração a 16 de setembro de 1885 — o Jardim do Coreto é parte integrante da identidade da vila. O seu nome, Largo João de Deus, presta homenagem ao notável pedagogo e autor da Cartilha Maternal, cuja influência chegou à Chamusca ainda no século XIX, quando o professor da vila foi destacado para Lisboa a fim de aprender e aplicar o novo método de ensino. Uma ligação pioneira entre a Chamusca, a educação e o progresso.
Uma requalificação que honra o passado e abraça o futuro
Com um investimento municipal de cerca de 150 mil euros, esta intervenção representa também mais um passo decisivo na revitalização do centro urbano da vila. Para além da valorização estética e patrimonial, a obra contemplou a modernização da infraestrutura subterrânea, com a melhoria dos eixos viários através da aplicação de materiais mais resistentes, o reforço da drenagem pluvial e a renovação dos sistemas de abastecimento de água e saneamento.
Estas medidas garantem a preservação do espaço, como também a sua funcionalidade e segurança a longo prazo, num equilíbrio entre memória e modernidade que norteou todo o projeto.
Entre os trabalhos realizados, destacam-se:
• A reabilitação da calçada portuguesa, com reposição dos padrões tradicionais em basalto e calcário, corrigindo deformações e reforçando as condições de segurança;
• A substituição de árvores em mau estado e a plantação de jacarandás, que nos próximos anos criarão um manto de sombra e cor, tornando o espaço mais aprazível;
• A criação de uma zona de lazer central, mais acessível e convidativa, especialmente pensada para os mais pequenos;
• A recuperação e ampliação das zonas de descanso, com o restauro dos bancos originais e a instalação de novos equipamentos urbanos;
• A intervenção cuidada no coreto, devolvendo-lhe a sua função original como palco de música, encontros e expressão cultural;
• A limpeza e conservação do Padrão dos Descobrimentos, erguido em 1960, agora destacado no seu lugar central — símbolo do espírito de abertura e universalidade que marca a alma ribatejana.
O Presidente da Câmara da Chamusca sublinhou que “Este jardim já foi palco de serões ao som das filarmónicas, de primeiros namoros, de encontros ao fim da tarde, de passeios com os avós e de brincadeiras de infância. A sua requalificação não apaga nada disso — pelo contrário, enaltece-o. Aqui, o tempo passa, mas a alma permanece.”
Acrescentou ainda que “A reconversão agora concluída não representa uma rutura com o passado, mas sim a sua valorização. Não apagámos memórias – cuidámos do que herdámos e projetámos com inteligência o futuro”, referiu o Presidente da Câmara, dirigindo ainda uma palavra de agradecimento a todas as equipas técnicas e operacionais envolvidos na obra, técnicos, jardineiros, calceteiros, carpinteiros e operacionais – que contribuíram para este projeto com dedicação e profissionalismo.
Mais do que uma obra, esta requalificação representa um gesto de respeito pela memória coletiva e uma aposta no espaço público como lugar de cidadania, bem-estar e identidade.
O Presidente da Câmara da Chamusca encerrou a cerimónia com uma mensagem dirigida à comunidade: “Hoje, ao devolvermos este espaço à população, afirmamos um princípio essencial: cuidar do espaço público é cuidar de quem ainda não tem voz. Este é um gesto de respeito por quem cá está — e por quem para cá virá.”
“Cuidar do espaço público é cuidar da nossa comunidade. E hoje, neste Largo João de Deus, a Chamusca reafirma essa responsabilidade com orgulho e com amor”, concluiu o Presidente.
A tarde prosseguiu com o 35.º Festival de Folclore, celebrando, mais uma vez, a identidade cultural da Chamusca e do Ribatejo, no espírito da Semana da Ascensão — uma das maiores manifestações de cultura e tradição.