No passado mês de julho, foi “inaugurado” o Jardim da República, tendo O Almeirinense feito a nota “com desistência do pórtico”. O projeto inicial desta intervenção previa uma intervenção de fundo no jardim, com a colocação de uma reconstrução gigante do pórtico do Paço de Almeirim, sobre a qual a CDU apresentou algumas reservas.
“Uma política defensora das árvores deve reconhecê-las como fundamentais para as ‘próximas gerações e não para as próximas eleições'”
A primeira prendeu-se com a alteração substancial que estava evidenciada no projeto à cobertura arbórea do espaço. Poderá haver árvores que precisem de ser tratadas e uma ou outra eventualmente substituída. Mas o grosso da mancha arbórea do espaço deve ser mantida (como foi), pois as árvores demoram a desenvolver, não se compadecem com os nossos ritmos de vida acelerados. Uma política defensora das árvores deve reconhecê-las como fundamentais para “as próximas gerações e não para as próximas eleições”.
A segunda reserva relaciona-se com a valorização da história local. As cidades e as vilas são um palimpsesto. Uma tábua rasa onde se escreve e se reescreve e onde vemos testemunhos de várias épocas. Nada resta do Paço de Almeirim, faria sentido fazer um mamarracho que se destacaria de todo o edificado urbano, onde se afundariam milhares de euros, que podem ser canalizados para a valorização histórico- patrimonial de outros pontos da cidade e do concelho?
Deixo uma palavra de apreço aos munícipes que foram à reunião pública de câmara manifestar o seu desagrado com este projeto faraónico, que sem dúvida, delapidaria um espaço fundamental da cidade.
Samuel Tomé
CDU Almeirim
Artigo de opinião publicado na edição impressa de 15 de agosto de 2021