Com a pandemia, ficaram expostos, e avolumaram-se, antigos problemas e fragilidades do país: as dificuldades da vida de trabalhadores e reformados, o acesso das famílias à habitação, ou para criar os filhos, a debilitação dos serviços públicos, incluindo o SNS, a precariedade e instabilidade em que vivem setores inteiros, como a cultura. Evidenciou-se ainda a necessidade urgente de enfrentar os problemas mais prementes, atacando as suas causas. O Orçamento do Estado para 2022 devia orientar-se nesse sentido geral de resposta aos problemas.
Não foi o que aconteceu, como também o Governo não deu sinais de querer assumir esse caminho.
Não assume o aumento dos salários como uma emergência nacional, não garante direitos para quem trabalha, nem aponta na recuperação do poder de compra dos pensionistas. Não responde para reforçar os serviços públicos, como o SNS, a educação, os correios, energia, transportes ou telecomunicações. O que se verifica em várias áreas essenciais para a vida das pessoas, são respostas marginais, determinadas e condicionadas pelos critérios do défice, quando o que devia determinar seria a res- posta que o povo e o país precisam.
Os indicadores de crescimento económico e os milhões anunciados de fundos dispo- níveis têm que ser colocados ao serviço de soluções para a vida dos trabalhadores e do povo. A opção por eleições (desnecessárias) não foi a pensar na resolução dos problemas, apenas nos seus interesses de classe e opções políticas.