Luís Esteireiro é especialista em relva natural e o gosto pelo tratamento de relvados começou com o avô Álvaro, mas uma situação de desemprego, em 2011, foi o mote para uma mudança grande na vida. Hoje é um especialista em relva natural e defensor desse tipo de piso.
Como surgiu este gosto e desafio de cuidar de relvados?
O meu gosto do relvado surgiu com o meu avô Álvaro Esteireiro que me dava conselhos e eu pedia-lhe opiniões sobre a relva. Quando me fizeram o convite para tratar do relvado da União de Almeirim na época de 2001/2002 tive a ajuda do Sr. Pina do estádio de Torres Novas que me ensinou a fazer remendos e faixas no relvado. Foi o Sr. Pina que fez aumentar a minha paixão pelo relvado.
Qual o seu percurso profissional?
Comecei em 2001 na União de Almeirim no qual fiquei três anos. Em 2004 tive o convite de uma empresa, a “Tecno Garden”, em que não só aprendi a trabalhar com a relva mas como também desenvolvi o trabalho de jardinagem. Vou para o desemprego em 2011 e tive uma proposta da “Scalabisport” que hoje é “ Viver Santarém SA” para tratar do campo da Chã das Padeiras no qual se encontrava danificado para a prática desportiva. A empresa mudou o relvado e a partir daí fiquei responsável.
Qual o maior desafio?
O meu maior desafio foi quando entrei para o Chã das Padeiras e fiquei responsável pelo campo. No início tive algumas dificuldades porque o campo era muitas vezes utilizado com horas a mais por todos os escalões do UDS e na altura ainda era utilizado para o rugby. Passava muitas horas sozinho no campo, até mesmo nos fins de semana. O meu trabalho era cortar a relva, marcar o campo com fitas para o futebol 7, marcar com tinta amarela para o rugby e branca para o futebol 11.
Quais as maiores dificuldades?
A minha maior dificuldade é manter o relvado natural em condições para um jogo enquanto é utilizado por muitas horas de treino durante a semana, mas com o apoio do meu colega Paulo Lopes, além de não estar no ramo dele, está sempre pronto para ajudar-me.
O Luís é o grande responsável pela recuperação do Chã das Padeiras. Qual foi o milagre?!
O milagre foi ter passado muitas horas a tratar do relvado e ter gosto no que fazemos, afinal de contas a relva é um ser vivo e temos de tratá-la bem. Todos os dias tem manutenção, pois o relvado de um campo de futebol não é o mesmo que de um jardim, é preciso ter mais cuidados, não é apenas cortar a relva.
A relva sintética veio para ficar. Esta aposta é boa?
Eu acho que a relva sintética é mais usada por equipas amadoras por não terem posses, mas para a prática de futebol não é tão bonito. Neste momento, a Federação Portuguesa ajuda os clubes a ter melhores relvados e isso é bom. Este ano tivemos como exemplos alguns campos que passaram no Canal 11.
Vamos mesmo deixar de ter relva natural?
Não, seria mau para o clube e para a capital do distrito, como exemplo temos o estádio Municipal de Tomar que era relva natural e passou a ser sintético e nota-se a diferença, é muito triste. Aí se vê a diferença por não se fazerem as manutenções.
Quais as maiores diferenças entra a natural e a sintética?
Entre o relvado natural e sintético há várias diferenças como no relvado natural joga-se mais rápido e não provoca tantas lesões e é muito mais bonito. Com o avanço das tecnologias, hoje, já se fazem relvados sintéticos idênticos aos natural. Muitas das pessoas não têm conhecimento mas, alguns clubes da primeira Liga, têm relva natural com mistura sintética.
Por vezes não dorme com medo de acontecer alguma coisa? Ligar-se a rega ou outra coisa do género…
Sim, por vezes tenho medo de queimar o relvado com algum produto químico e de avariar algum sistema de rega. Muitas vezes desloco-me ao campo com a preocupação de ver a rega. Este ano foi mais exigente porque a União de Santarém estava numa divisão no qual era mais rigorosa.
Como reage a esta imagem do D. Manuel de Melo ?!
Aqui se vê o que uma SAD faz para acabar com um clube e estragar as instalações. O campo sempre esteve em bom estado. No meu tempo, tinha pessoas que me davam os parabéns pelo meu trabalho, hoje o campo está nesta miséria. Nós sabemos que o relvado tem muitos anos mas se continuasse com a manutenção ele não estaria assim. Sinto-me muito triste em ver esta foto.