“Temos formado músicos mas tenho pena que nos abandonem”

No passado dia 20 de setembro, a Banda Marcial de Almeirim abrilhantou a corrida das Vindimas e o presidente da direção, José Sardinheiro, prometeu responsabilidade, pois “não podemos ir de qualquer maneira. A Banda não se apresenta em lado nenhum sem dignidade e espírito de responsabilidade”.

“A Arena d’Almeirim é uma montra porque ali toda a gente tem que ouvir o que é lá tocado, aqui quem gosta fica e quem não gosta, não fica. Outra montra é a procissão do Santissímo Milagre, em Santarém”, afirma.

José Sardinheiro é, há muito tempo, o presidente da Banda Marcial de Almeirim. Um homem que chegou a “desenrascar” como músico para suprir a ausência de Diamantino Correia. Foi aliás em 1982, com o bombo, que começou a colaborar com o grupo. Sardinheiro trabalhou como dirigente de Fernando Ambrósio, Fernando Batista, José Alberto Moreira e Adelino Botas.

Mas o tempo mudou muito: “Na altura não tínhamos ajuda da Câmara e foi nesse mandato que Alfredo Bento Calado atribuiu um subsídio para a escola de música”. Nesta fase a sede da coletividade ainda era na Rua do Pinhal. Há 22 anos é que a Banda mudou para as atuais instalações, chamadas “Grémio da Lavoura”.

Depois de um período de afastamento, José Sardinheiro regressou, em 2017, assumindo que a realidade gera alguma preocupação. “Se não fosse o contrato-programa com a câmara não seria possível sobreviver. Há 40 ou 50 anos, a Banda criava sócios por natureza com os bailaricos. Os pais, para levarem as filhas, ao baile tinham que ser sócios, o rapaz para dançar, se não fosse sócio pagava 12,5 e se fosse pagava 7,5… Havia a tendência para ser… A Banda chegou a ter perto de 600 sócios. Cada músico custa à banda 60 euros por mês e custa-me ver pessoas que são sócias, mas porque os filhos abandonam, também deixam de ser sócios.”

Outro problema está relacionado com o abandono de novos músicos, porque “temos formado músicos, mas fico triste que alguns depois de terem farda e instrumento, chegam junto de mim e abandonam. Se tivéssemos os músicos que formámos desde 2017, nós tínhamos a base com músicos da terra. Há 40 anos, a base era da terra”, afirma.

Apesar desta preocupação, a Direção afirma que nunca antes a escola de musica teve três professores, como é atualmente, e isso é garantia de qualidade que deve ser aproveitada por quem gosta de música.