Joe Biden acaba de derrotar Donald Trump.
Mal as televisões anunciaram a vitória, a festa que alastrou rápida e espontaneamente pelas principais cidades americanas permanece como
a imagem mais marcante destas eleições. Este carnaval antecipado e anacrónico – porque os tempos são mais de luto, numa América que chora diariamente milhares de mortes causadas pela pandemia – foi uma espécie de esconjuro de um mal que persistia em levar os Estados Unidos para um futuro de obscurantismo e negação dos mais elementares valores humanistas e democráticos: o trumpismo. Perante as imagens recebidas em direto, parecia que estávamos a assistir à libertação de uma nação, após décadas de tirania. E, afinal, só passaram quatro anos de mentiras, o
que prova o poder e a velocidade destruidora de Trump e acólitos.
A palavra mais repetida que ouvimos, na boca do povo que saiu à rua, foi esperança. Esperança na América e esperança no mundo. Como qualquer bom ditador, o egocêntrico presidente vencido recusa-se a aceitar a derrota. André Ventura, o clone português, carpe desgostos e vai apelar à salvação divina.
Em Portugal, e no resto da Europa, a covid-19 não dá tréguas. E por muito que as autoridades façam ou legislem, se cada cidadão não perceber que lhe cabe a si, pelo seu comportamento, vencer esta guerra, o futuro próximo não será risonho. Nunca como agora a palavra cidadania ganhou tanto significado. É nestes momentos da história que um povo mostra a sua grandeza. Haja esperança.
Gustavo Costa
Partido Socialista
Artigo de opinião publicado na edição impressa de 15 de novembro de 2020