Em Portugal, nunca umas eleições se disputaram em condições tão difíceis como estas. Ao período mais perigoso da pandemia que nos assola, juntavam-se discursos de radicalização e intolerância até agora nunca ouvidos. Havia razões para recear que a pandemia galopante dissuadisse muitos de votar e que alguma violência, pelo extremar de posições, surgisse. Felizmente nada disto aconteceu, numa demonstração do grande sentido de cidadania dos portugueses.
Devemos, portanto, expressar satisfação pela forma pacífica e ordeira como estas eleições decorreram e também porque os temores de uma elevadíssima abstenção não se confirmaram.
Como tudo indicava, Marcelo Rebelo de Sousa ganhou inequivocamente e viu reforçada a sua anterior votação. Esperamos que neste segundo mandato continue, como até aqui, a ser um fator de estabilidade e moderação e um travão aos populismos emergentes.
Ana Gomes e André Ventura disputavam uma espécie de campeonato de segundos. Perdeu quem mais ameaçou, insultou e assustou os portugueses.
De realçar o facto da enorme maioria dos portugueses terem recusado, de forma clara, as ideias mais extremistas que nesta campanha surgiram. Por outro lado, salientar o perigo que representa para a democracia o resultado obtido pelo candidato da extrema direita, que deve fazer refletir todos os democratas e pensar qual o futuro da direita democrática deste país.
Foi muito importante que a democracia se tenha cumprido, sem sobressaltos, porque sem instituições fortes não podemos enfrentar o maior desafio que todos temos pela frente: vencer a pandemia que nos atinge, para salvarmos as pessoas e a economia. Esta é a batalha onde nos temos todos de concentrar.
Gustavo Costa
PS Almeirim