Muitas vezes, em dossiers importantes e difíceis como os lesados do BES e a reversão da privatização da TAP para o Estado, o Primeiro-Ministro recorreu aos serviços de um amigo, chamado Diogo Lacerda Machado.
Nos EUA está regulada a figura do lobby que é um grupo de pressão ou alguém que procura influenciar no sentido de acautelar os seus interesses ou de um grupo. Ao contrário, em Portugal, não se sabe quem são as pessoas que defendem interesses de terceiros nem quais são esses mesmos interesses que estão a ser defendidos.
Soube-se, recentemente, que o amigo do atual Primeiro-Ministro teria feito lobby pela Pioneer Point Partners num projeto de 3,5 mil milhões de euros em Sines, que esta entidade pretendia que fosse classificado como projeto PIN (Projeto de Interesse Nacional) pelo Governo. Tudo isto enquanto era Administrador não executivo da TAP, a tal empresa que ele ajudou a reverter a privatização.
“Afinal, ele é competente ou alguém mente?“
Segundo o gabinete do Primeiro-Ministro não terá havido qualquer contacto, ou reunião entre este e Diogo
Lacerda Machado durante o processo de obtenção da aprovação do projeto com o estatuto especial.
Não deixa de ser estranho que alguém que António Costa sempre defendeu, elogiando a sua pretensa competência, tivesse feito lobby por um projeto de 3,5 mil milhões de euros, que precisava de aprovação do Governo e nunca tivesse falado com ninguém do gabinete do Primeiro-Ministro, nem sequer para explicar as vantagens e porque se devia aprovar o projeto. Afinal ele é competente ou alguém mente? Como se pode confiar em alguns políticos desta forma?
João Lopes
PSD Almeirim
Artigo de opinião publicado na edição impressa de 15 de maio de 2021