O recente e devastador sismo de Marraquexe veio acordar entre nós receios antigos, que teimamos, com o tempo, em esquecer.
Em Marrocos assistimos ao enorme potencial destrutivo de um sismo de magnitude 6,8. Povoações reduzidas a escombros, milhares de mortos. Se os danos materiais se podem recuperar, a perda de vidas humanas é irreparável.
Acontecimentos trágicos que poderão, com elevada probabilidade, repetir-se em Portugal.
Como entre nós os grandes sismos têm sido raros, tendemos a esquecer e a desincentivar a prevenção, embora vivamos numa das áreas sísmicas mais perigosas da Europa.
A falha do Vale do Tejo, que se estende da Península de Setúbal até ao Entroncamento, ao longo do rio, já mostrou o seu potencial destruidor na nossa região. Em 1531 um abalo de magnitude 6,5 a 7, com epicentro em Benavente e o sismo de 1909 em Benavente e Salvaterra de Magos, de 6,1, causaram ambos enormes danos materiais e humanos. Também os grandes sismos de Lisboa de 1755, (magnitude 9) e o de 1969 ao largo de Sagres (7,9), se fizeram sentir aqui com intensidade.
Para além do imperioso reforço das construções mais antigas e habitadas, de uma eficaz fiscalização para cumprimento da legislação existente, as ações de sensibilização em locais de trabalho e escolas acerca dos riscos e como agir, têm de ser mais frequentes e regulares ao longo do ano.
Especialistas dizem que o impacto de um sismo de 6,8 no Vale do Tejo será maior que o recente sismo de Marrocos.
Estamos em cima de um barril de pólvora, mas fazemos de conta que não.
Teremos um grande sismo em Portugal no futuro. Não se sabe quando, mas pode ser hoje ou daqui a muitos anos.
O próximo dia 5 de novembro é o Dia Mundial da Sensibilização para o Risco Sísmico.
Gustavo Costa – PS Almeirim