Esta é uma frase recorrente, mas a verdade é que por norma só tomamos consciência da importância de cada uma das coisas fundamentais à nossa vida, quando as perdemos.
Durante milénios a água não foi um assunto importante. Porquê? Porque estava disponível e sem grandes custos. No entanto hoje isso está a mudar. A verdade é que cada vez essa água é mais precisa, porque cada vez somos mais no mundo. Nos anos 50 do Século XX éramos cerca de 2.500 milhões hoje somos mais de 7 mil milhões. Isso significa mais consumos de muitos produtos e materiais e naturalmente mais consumos de água, em especial pela agricultura que tem de produzir mais para alimentos para mais pessoas.
Para isso, e como não é possível vivermos sem comer e como não se come sem agricultura é fundamental encontrar novas formas de obter a água. A mais “fácil” do ponto de vista teórico é aproveitar a que chove para assim a “guardar” e usar quando dela necessitamos. É isso que defendo desde há muito. Para isso necessitamos de mais barragens, impossíveis de fazer no Tejo dado que não existem vales, mas possível de fazer em alguns afluentes. Os estudos estão a decorrer e se a vontade politica continuar a existir estou certo que na próxima década será possível usar muita da água dita de superfícies para a agricultura.
A agricultura representa mais de 70% do consumo de água. Como disse consumo que se transforma em alimento. Essa mudança de paradigma é fundamental para podermos garantir as necessidades da dita água de consumo humano, aquela que usamos na nossa vida para beber, higiene pessoa etc. Sendo que nessa matéria a sua gestão é também aqui fundamental garantindo que os novos investimentos se continuam a fazer.
Exemplo disso é aquilo que as Águas do Ribatejo estão a fazer em Fazendas de Almeirim. São cerca de 5 Milhões de euros para melhorar a quantidade e capacidade dos sistemas. Dinheiro que não se vê porque está “enterrado”, mas obras da maior importância sempre que abrimos as torneiras. Mais estes são investimentos que são e têm de continuar a ser públicos. Entregar o bem mais importante deste milénio a uma gestão que unicamente visa o lucro é comprometer o futuro coletivo.
Os desafios dos próximos anos são défices, mas possíveis com vontade e com foco no caminho certo.
Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim e presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Águas do Ribatejo