TRIATLO O almeirinense Gustavo do Canto sagrou-se Vice-Campeão Nacional nas duas etapas do Campeonato Nacional de Triatlo de Cadetes disputadas em Fundão e em Abrantes. Gustavo do Canto falou com O Almeirinense sobre as provas do Campeonato, a sua jornada no Triatlo e a sua jornada no desporto.
Como correu o Campeonato Nacional de Triatlo de Cadetes disputado no Fundão e também em Abrantes?
Correu bem. Começámos com duas etapas. O Fundão e Abrantes eram provas difíceis, especialmente caracterizadas por terem calor. É uma coisa que nós não temos muito ao longo da época, mas também como o triatlo é um desporto de verão, acaba por ser uma variável importante conseguirmos responder ao calor e, neste campeonato nacional, era mesmo o calor a coisa mais importante a ter em conta.
Achaste que foram bons os resultados que obtiveste ou acreditavas que podias ter chegado ao primeiro lugar?
Nós temos que nos contentar com o que conseguimos. Eu dei o meu máximo, o meu melhor e estou contente Ainda por cima o primeiro lugar, neste caso, foi um colega de equipa meu, e então se é para perder com alguém, antes que seja com um colega de equipa, não é verdade?
Que balanço fazes deste ano desportivo?
Já é a terceira vez que sou Vice-Campeão Nacional e continuar com esta consistência, porque especialmente na formação, o que é mais importante é ter esta consistência ao longo dos anos que, no final, vai dar fruto deste trabalho.
Não sentes o sabor amargo de seres só Vice-Campeão há três anos?
Não, eu gosto. Acho que é melhor do que nada e segundo é melhor do que terceiro e melhor do que quarto, e eu também já fui quarto várias vezes e quinto e sexto… E acho que ser segundo outra vez sabe bem.
Mas, naturalmente, há responsabilidade para o futuro, ou seja, não são vezes a mais o segundo?
Não. Eu acho que sou uma pessoa descontraída nesses parâmetros e só quero continuar a divertir-me e a dar o meu melhor e acho que se continuar a ser segundo para o resto da minha vida, claro que vou lutar para sempre para o lugar mais alto do pódio, mas também gosto do segundo lugar.
“Sabe muito bem poder vestir as cores do nosso país e representá-lo o melhor possível”
Nas tuas próximas provas, qual é o teu objetivo?
Eu agora estou numa fase onde começo a representar a seleção e gostava de continuar a ir a provas internacionais o máximo possível, aos campeonatos da Europa, Taças da Europa, e essas provas desse nível mais elevado. Continuar a afirmar-me no Triatlo e, quem sabe, um dia, ser Campeão Nacional.
Já que falaste na Seleção Nacional, que já é uma realidade, como é que te sentes também nesse patamar? Estás a começar a crescer bastante?
Sim. Sabe muito bem poder vestir as cores do nosso país e representá-lo o melhor possível.
És atleta do Clube de Natação de Torres Novas. Porquê Torres Novas?
Acho que, em Almeirim, nunca houve um Clube de Triatlo. Parte inicial da minha formação foi no Clube das Águias de Alpiarça. Estive lá cinco anos, mas o clube acabou e, depois, eu e os meus pais tivemos que ponderar qual é que seria o melhor clube para continuar e acabámos por concluir que era o Torres Novas.
Há quanto disponibilizas-te a ir para Torres Novas?
Eu vou lá praticamente todos os dias da semana, incluindo com a escola. É uma viagem de mais ou menos 50 minutos de carro. Portanto, ida e volta é uma hora e quarenta por dia que eu tiro.
“Eu conhecia um triatleta e ele dizia que não existem sacrifícios no desporto, simplesmente existem escolhas. E eu acho que partilho da opinião dele”
E em termos de treino? Quantas horas fazes?
Isso varia bastante, mas semanalmente, entre as 13 e as 20 horas talvez. 20 horas é quando estamos com maior carga e mais longo.
Sentes que se faz um sacrifício para fazeres este tipo de trabalho fora daqui de Almeirim?
Eu conheci um triatleta e ele dizia que não existem sacrifícios no desporto, simplesmente existem escolhas. E eu acho que partilho da opinião dele. É uma escolha que eu fiz e sinto-me satisfeito com ela.
É dispendioso este tipo de treino que tu fazes e estas horas todas dedicadas e as viagens? Quem é que suporta? Basicamente será o teu clube ou a tua família também tem ajudado?
Ambos. Os meus pais e os meus avós são bastante importantes nisso; todos os dias estarem a levar-me para Torres Novas não é trabalho fácil e eu estou eternamente grato por isso.
Quando é que começaste a praticar?
Isto tudo começou com o meu irmão mais velho. Ele também faz triatlo. Nós andávamos nas piscinas de Alpiarça na aprendizagem e houve um professor que propôs ao meu irmão se ele queria entrar no Triatlo nos Águias. Ele depois entrou; esteve lá um ano, gostou e depois eu também fui experimentar e foi aí que começou tudo. Passaram cinco anos, fui para Torres Novas e agora já estou na minha sexta época em Torres Novas.
“Como o meu irmão é três anos mais velho que eu, é como se ele fosse alguém que estivesse sempre ali á frente, que eu sabia que tinha de seguir o caminho e sempre me ajudou (…)”
Falaste no teu irmão. Ele teve forte influência na tua decisão de seguires este caminho?
Claro. Como o meu irmão é três anos mais velho que eu, é como se ele fosse alguém que estivesse sempre ali à frente, que eu sabia que tinha de seguir o caminho e sempre me ajudou, não só como colega de treino, como em outras coisas.
Gostavas que um dia houvesse também um clube em Almeirim que apostasse no triatlo para poderes regressar à tua terra?
Não sei. Acho que era uma coisa um bocadinho complicada para pensar agora. Especialmente, também, porque ainda sou um bocado novo e não consigo ter essa perspetiva do futuro.
Sentes-te bem lá em Torres Novas?
Sim, aquilo é já como a minha segunda casa, apesar de ter o coração almeirinense.
“(…) o triatlo é um desporto ao ar livre, não existe maneira de controlar. Por exemplo, imaginemos no futebol: podia não haver público; no triatlo, não dá para controlar o público que vai ver a prova (…)”
Já sabes quando é a próxima prova?
Agora com a pandemia, as coisas das provas são um bocadinho difíceis de prever. Em princípio, vamos ter agora o
triatlo de Montemor, que vai ser um apuramento para uma taça da Europa que há em Quarteira que acho que vai ser em outubro, mas ainda não se sabe uma data concreta, acho eu.
A pandemia alterou e complicou?
Sem dúvida, porque o triatlo é um desporto ao ar livre, não existe maneira de controlar. Por exemplo, imaginemos no futebol: podia não haver público; no triatlo, não dá para controlar o público que vai ver a prova e é muito mais difícil sendo um desporto ao ar livre.